Memórias perdidas e exílio histórico
o gênero biográfico como instrumento questionador das imposições do passado
Resumo
Minas Gerais conheceu diversas lutas políticas e sociais desde o período colonial e como resultado destas lutas, uma construção histórica se estabeleceu pela voz dos vencedores. Mesmo assim, mantêm-se os resquícios das memórias dos derrotados e daqueles que por motivos diversos ficaram esquecidos. A memória histórica pode ser seletiva por diversas motivações e o gênero biográfico torna possível descobrir algo sobre essa seletividade, entre outras possibilidades de seu uso. Tratando do período de transição da Monarquia à República, essas lutas produziram outros vencidos e derrotados. Entre aqueles cuja memória foi apagada está um industrial atuante entre os anos de 1880 e 1930: Carlos G. da Costa Wigg. O presente artigo pretende mostrar um caso de pesquisa biográfica pelo qual passam muitas das discussões mais atuais sobre os aspectos da memória e do esquecimento. Este é um caso singular na história mineira, cujos aspectos biográficos únicos podem certamente contribuir com novas releituras em diversas áreas da história de Minas Gerais.