Borboletas na Autopista
sobre a forma do conto na obra de Julio Cortázar
Resumo
O artigo propõe uma análise dos contos do escritor argentino Julio Cortázar (1914-1984), neles ressaltando aspectos técnicos e formais, mas em suas relações com possibilidades e condicionamentos sócio-históricos, através de uma apreensão do papel da gestualidade nos textos. Para tanto, são expostas analogias entre o estilo de Cortázar e outras práticas culturais características da modernidade, com o que se pretende discutir em que medida os ideais de acabamento e perfeição da short story moderna estiveram vinculados a uma situação social específica, que favorece a dispersão e o isolamento individual. E, a partir dos desdobramentos verificados na obra do autor, em particular no conto “La autopista del sur”, esta situação social é apresentada como elemento constitutivo da construção rítmica e dos impasses estéticos da escrita, de tal maneira que esta passa a encenar, em seus próprios domínios, uma sempre frustrante e sempre renovada busca de constituição de sentido na diferença.