O livro-poeta e o poeta-livre: jogo de personae nos Tristia, de Ovídio

  • JÚLIA BATISTA CASTILHO DE AVELLAR Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
Palavras-chave: Elegia romana, Ovídio, Tristia, Metapoesia, Jogo ficcional

Resumo

Este trabalho aborda o jogo ficcional de personae existente nos Tristia, de Ovídio, a partir da investigação da imagem que se constrói da personagem livro/carta ao longo da obra, em especial nas elegias III,1 e V,4, nas quais o livro, antropomorfizado, torna-se eu-poético. Com base nisso, será discutida a alternância de voz-poética entre Nasão, o eu-poético exilado, impossibilitado de retornar a Roma, e seu livro, que ele envia à Urbe para que fale em seu nome. Sob uma perspectiva metapoética, serão analisadas as relações entre a personagem livro e a personagem autor/poeta, o processo de antropomorfização do livro e as correspondências entre sua caracterização e a da personagem autor/poeta. Observa-se que esse jogo de personae instaura na obra uma verdadeira metamorfose: a personagem autor/poeta, por meio da escrita, transforma-se no próprio texto e, com isso, eterniza-se através da obra literária, bem ao modo do tópos da perenidade da literatura.

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Publicado
2014-12-31
Seção
Artigos