A prática discursiva editorial: leitura monocromática, enciclopédias e precarização

  • Thiago Mattos USP
  • Phellipe Marcel da Silva Esteves UERJ

Resumo

Das perspectivas da História do Livro e da Análise do Discurso, pretendemos investigar de que modo o sistema editorial brasileiro, por meio da base material linguística e também das condições materiais de produção/existência de seus trabalhadores e livros, faz circular sentidos sobre literatura, tradução, trabalho e ciência. Empreendemos aqui uma análise de como as editoras escolhem seus lançamentos e seus nichos hoje, por meio da investigação de tendências e gestos editoriais que comparecem em seus títulos, em suas páginas de créditos, na decisão de participação de eventos literários etc. Recentemente, ao se inscreverem numa prática de esvaziamento de determinadas editorias, as grandes casas editoriais privilegiam, de modo geral, livros traduzidos da língua inglesa ou livros que provocam efeitos de sentido conservadores. Pretendemos também nos questionar se há espaço para resistência nesses discursos em circulação no sistema e na prática editoriais. Ao final, apontamos para possíveis movimentos e discursos de resistência no sistema editorial.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Phellipe Marcel da Silva Esteves, UERJ
Doutorado em Estudos de Linguagem pela Universidade Federal Fluminense, Brasil(2014); Professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil.

Referências

AIRA, C. César Aira lança ‘Haikus’ e defende editoras independentes (entrevista). O Globo, 09 jun. 2012.
ANTUNES, R; ALVES, G. As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital. Educação & Sociedade, Campinas, v. 25, n. 87, 2004.
AZEVEDO, C. ‘Editar bem poesia é aceitar editar antimercadoria’, diz escritor. Entrevista realizada por Paulo Werneck. Ilustríssima [Folha de S. Paulo], 17 set. 2011.
ESTEVES, P. M. da S. E. A produção de uma enciclopédia do porvir: política linguística e projeção de uma disciplina. Matraga, v. 23, n. 38. Rio de Janeiro: UERJ, 2016.
_______. O que se pode e se deve comer: uma leitura discursiva sobre sujeito e alimentação nas enciclopédias brasileiras (1863-1973). Tese (Doutorado). Niterói: Universidade Federal Fluminense, Instituto de Letras, 2014.
EVEN-ZOHAR, I. The Relations between Primary and Secondary System in the Literary Polysystem. Papers in Historical Poetics. TelAviv: Porter Institute for PoeticsandSemiotics, p. 14-20, 1978.
FONTES, V. A incorporação subalterna brasileira ao capital-imperialismo. Crítica Marxista, n. 36. Unicamp: Cemarx, 2013.
ILUSTRADA. “Os eleitos: Escolha, pela revista britânica “Granta”, dos 20 “melhores jovens escritores brasileiros” reaviva debate sobre critérios e marcas para definir gerações literárias”. Ilustrada [Folha de S.Paulo]. São Paulo: 16 jul. 2012.
LEFEVERE, A. Tradução, reescrita e manipulação da fama literária. Trad.: Claudia Mattos Seligmann. Bauru: Edusc, 2007 [1992].
LORIMER, R. Ultra Libris: Policy, Technology, and the Creative Economy of Book Publishing in Canada, Toronto: ECW Press, 2012.
MEDEIROS, G. de; SCHNAIDERMAN, B. S. Entrevista com Boris Solomônovitch Schnaiderman. Revista USP, São Paulo, n. 75, p. 86-100, set./nov. 2007.
MÉRITO. Enciclopédia brasileira Mérito. São Paulo: Editora Mérito, 1958.
NUNES, J. H. Para uma história do discurso enciclopédico no Brasil. Anais do XXVII Encontro Nacional da Anpoll. Niterói: UFF, 2012.
ORLANDI, E. A linguagem e seu funcionamento. Campinas: Pontes, 1996.
PÊCHEUX, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 4. ed. Trad.: Eni Orlandi et alii. Campinas: Editora da Unicamp, 2009 [1975].
PUBLISHNEWS. Saraiva e Record demitem: Entre os demitidos estão Daniel Louzada (Saraiva) e Sérgio França (Record). 11 ago. 2015.
SAPIRO, G. (dir.) Translatio, Le marché de la traduction en France à l’heure de la mondialisation. Paris: CNRS Éditions, 2008.
SILVEIRA, Ê. Editando o editor, v. 3. Entrevistado por Marta Assis de Almeida, Magalo Oliveira Fernandes, Mirian Senra; Organização de Jerusa Pires Ferreira. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003.
TOURY, G. Descriptive translation studies and beyond. Amsterdam/Filadélfia: John Benjamins, 1995.
WOLIKOW, S. História do livro e da edição no mundo comunista europeu. In: DEAECTO, M. M.; MOLLIER, J. Y. (orgs.). Edição e revolução: leituras comunistas no Brasil e na França. Cotia: Ateliê Editorial ; Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.
Publicado
2016-12-31
Seção
Artigos - Fluxo contínuo