“Todo poder à imaginação!”
Marcuse e a revolução surrealista
Resumo
Publicada recentemente no volume Art and Liberation, a correspondência trocada entre Herbert Marcuse e o grupo surrealista de Chicago, entre 1971 e 1973, vem confirmar o significado e a persistência do interesse do filósofo pela revolução sensível anunciada pelo movimento. Vale lembrar que, apesar das divergências, a afinidade entre eles já havia sido indicada no texto sobre Aragon, de 1945, bem como em Eros e Civilização, dez anos mais tarde. Além disso, Um ensaio sobre a liberação, de 1969, é expressamente dedicado aos jovens estudantes que uniram Karl Marx e André Breton, colocando em marcha uma radical transvaloração dos valores por modos de vida qualitativamente diferentes. Neste processo, como veremos, o choque produtivo entre a tônica revolucionária e uma certa démarche “surrealista” desempenhará um papel determinante no tratamento desta nova sensibilidade como fator de caráter irredutivelmente político. Esta pesquisa tem o apoio da FAPESP.