Três Diálogos
Resumo
Os Três Diálogos de Samuel Beckett com o crítico de arte Georges Duthuit foram publicados em 1949, em algum lugar entre o primeiro texto dramático de Beckett, Eleutheria, e o texto pelo qual ele é mais celebrado, En Ettendant Godot. Por mais que um texto em formas de diálogos seja facilmente ligado a Platão, e que se sabe que em campos filosóficos Beckett fincaria suas funções em um terreno muito mais longínquo, esses diálogos acabam sendo providenciais para a obra Beckettiana. Celia Barrentini, uma das principais estudiosas de Beckett no Brasil, aponta essa obra como ponto fundamental para se entender toda obra do autor irlandês. Mas não é só na ordem semântica que o texto desvenda particularidades da obra de Beckett, sintaticamente os Diálogos também revelam o que fez Eleutheria não fazer parte das obras completas de Beckett, e já En Ettendant Godot ser por muitos a sua obraprima: as construções de frases que por vezes parecem absurdas, um ocultamento e um jogo com os pronomes e sujeitos, a indeterminação, o não-dizer dizendo – que apontam a importância da forma de diálogos para o texto dramático de Beckett. Os diálogos tratam de pintura, no caso, três pintores, os franceses Tal Coat e Masson e o holandês Bram van Velde. É na pintura de van Velde que Beckett reconhece muito daquilo que ele gostaria de encontrar como artista, em muito diferente do que ele acompanhava em outros ensaios sobre escritores, sendo estes Proust e Dante...Bruno.Vico...Joyce.