Ensaio sobre o invisível na fotografia

  • Mathias Alberto Möller
Palavras-chave: Filosofia, Estética, Imagem, Objetividade, Crítica

Resumo

A partir de reflexão sobre o estatuto da imagem, indica-se que o mostrar não é neutro. Para Bazin, a fotografia foi o maior acontecimento da história das artes plásticas, pois não mais afeita aos "utilitarismos antropocêntricos" da representação, sendo o "verdadeiro realismo" da significação do mundo sob a abolição da "distinção lógica entre imaginário e real". Fotografia, com Barthes, é reprodução mecânica de um instante único existencial. É imagem que se encontra no gesto designador de linguagem dèictica, pelo qual não pode ser transformada nem distinguida daquilo que representa. Entretanto, mesmo para Barthes, a fotografia está "entre duas linguagens, uma expressiva, outra crítica", a do sujeito que olha e a do sujeito olhado; uma experiência de morte do representado que o faz objeto de diversas leituras numa "ordem fundadora da fotografia". Assim, sua experiência faz confundir verdade do referente com realidade de sua origem. Conclui-se, com Vernant, que "não se enuncia o verdadeiro, o real, forja-se uma 'semblância™ figura-se algo para além da "inevitável subjetividade", da "obsessão por semelhança" das artes plásticas e do esforço de ilusão na pintura. Sugere-se, com Comolli, que mesmo a fotografia, imagem do "real", não é neutra, pois "a ação de mostrar é sempre opaca".

Publicado
2014-06-30
Seção
Artigos