O avaliador de escravos e o status social da função na sociedade carioca oitocentista
power and hierarchy, representation and exclusion (Rio de Janeiro - 1808-1831)
Resumo
A Câmara Municipal carioca, palco de inúmeras relações de clientelismo e lutas por poder, foi o lócus da elite local detentora das regalias e da própria cidadania no primeiro quartel do século XIX. As câmaras constituíam organismos político-administrativos inseridos na lógica do império português, mas que viviam, na prática, uma condição real de autonomia, articulando os interesses daqueles que ocupavam seus quadros. Enquanto tal hierarquia promovia a uns, outros, no entanto, viam-se à margem da sociedade. Daí o espírito gregário e o sentimento de solidariedade que promovia os mais simples pela pertença a um determinado grupo de poder, que levou muitos a assumirem ofícios menores nas municipalidades. É o caso do Avaliador de escravos, representante da legalidade promovia a legitimação da ideologia escravista que hierarquizava os indivíduos mediante a posse do trabalhador cativo. Mais que gerar divisas aos cofres públicos, reiterava a estrutura escravista e o status quo daquela elite camarária que se beneficiava com a ordem vigente na América portuguesa.