Da palavra viva à palavra muda:

um novo regime de escrita em Jacques Rancière

Palavras-chave: Jacques Rancière, palavra muda, regimes de escrita, descrição, palavra e imagem, escrita

Resumo

O intuito desse artigo é pensar um novo regime de escrita em Rancière pautado no modo com que o autor interpreta Schiller, não a partir da linha argumentativa do texto, mas, antes, a partir de seu caráter literário e descritivo. Partindo do debate em torno das relações entre a imagem e a palavra, pretendemos dar a ver como Rancière pensa as construções e desconstruções de uma série de hierarquias do pensamento estético que dizem mais respeito a um regime de identificação das artes do que à simples defesa de uma arte em detrimento de outra. Trata-se de pensar o modo como se relaciona a aisthesis à poiesis, assim como as ideias de humanidade e de sujeito que essas relações dão a ver. O pensamento do estatuto do sensível nos regimes de escrita nos auxiliará a pensar como certas operações textuais – como a descrição – são, ora vistas como subordinadas a um encadeamento causal, ora, vistas em sua autonomia como  pensamento. Trata-se de afirmar o surgimeno de um novo regime de escrita que rompe com as hierarquias do princípio mimético e que, ao fazê-lo, rompe também com as ideias de humanidade e de sujeito que pré-existiriam à escrita e à linguagem.

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Biografia do Autor

Daniela Cunha Blanco, Doutoranda em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) Bolsista Capes

Doutoranda em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP)
Bolsista Capes

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Publicado
2019-12-19