O Corpo na estética schilleriana

  • Vladimir Vieira
Palavras-chave: Schiller, Kant, tragédia, música, sublime

Resumo

Porque estabelece vínculos com elementos de ordem sensorial, portanto particular, o corpo surge na Crítica da faculdade do juízo primordialmente como algo prejudicial à justa predicação estética. Por um lado, ele serve, como no caso da tragédia, de analogia para uma espécie de movimento do ânimo que promove nossas forças vitais mas não pode ser pressuposto em qualquer um; por outro, ele é também a fonte de um prazer específico, de natureza agradável, que condena as artes que o produzem, como a música, a uma posição inferior na estrutura hierárquica esboçada nos §§51-54. Neste trabalho, pretendo mostrar que a estética de Schiller, um dos primeiros leitores filosóficos da terceira crítica, subverte essa posição em ambas as direções operando, contudo, dentro do quadro categorial da obra de seu mestre. Textos como “Sobre graça e dignidade” preservam a analogia entre corpo e alma sugerindo, entretanto, que o primeiro pode ser um indício de excelência da segunda. Ademais, Schiller concorda com Kant que o deleite estritamente corporal não é legitimamente estético; é, entretanto, justamente por meio do corpo que se pode produzir na arte o prazer de tipo mais superior, aquele que corresponde à apresentação do suprassensível.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABACI, Uygar. Kant's Justified Dismissal of Artistic Sublimity. Journal of Aesthetics and Art Criticism, v. 66, n. 3, p. 237-251, 2008.

ABACI, Uygar. Artistic Sublime Revisited: Reply to Robert Clewis. Journal of Aesthetics and Art Criticism, v. 68, n. 2, p. 170-173, Spring. 2010.

BARBA-KAY, Antón. The Aesthetics of Agency in Kant and Schiller. Idealistic Studies, v. 46, n. 3, p. 259-275, 2018.

BAXLEY, Anne Margaret. The Aesthetics of Morality: Schiller’s Critique of Kantian Rationalism. Philosophy Compass, v. 5, n. 12, p. 1084-1095, 2010.

BEISER, Frederick. Schiller as Philosopher: A Re-Examination. Oxford: Oxford University, 2005.

CLEWIS, Robert. A Case for Kantian Artistic Sublimity: A Response to Abaci. Journal of Aesthetics and Art Criticism, v. 68, n. 2, p. 167-170, Spring. 2010.

DELIGIORGI, Katerina. Grace as Guide to Morals? Schiller's Aesthetic Turn in Ethics. History of Philosophy Quarterly, v. 23, n. 1, p. 1-20, Jan. 2006

FALKENHAGEN, Annabel. Schillers schöne Seelen. Zur Auflösung eines Bildungsideals am Ende des 18. Jahrhunderts anhand von Schillers “Über Anmut und Würde”. In: STOLZENBERG, Jürgen; ULRICHS, Lars Thade. (Orgs.). Bildung als Kunst: Fichte, Schiller, Humboldt, Nietzsche. Berlim: De Gruyter, 2010, p. 103-126.

GAUTHIER, Jeffrey A. Schiller's Critique of Kant's Moral Psychology: Reconciling Practical Reason and an Ethics of Virtue. Canadian Journal of Philosophy, v. 27, n. 4, p. 513-543, 1997.

KANT, Immanuel. Gesammelte Schriften. Hrsg.: Bd. 1-22 Preussische Akademie der Wissenschaften, Bd. 23 Deutsche Akademie der Wissenschaften zu Berlin, ab Bd. 24 Akademie der Wissenschaften zu Göttingen. Berlim, 1900ff.

PILLOW, Kirk. Form and Content in Kant's Aesthetics: Locating Beauty and the Sublime in the Work of Art. Journal of the History of Philosophy, v. 32, n. 3, p. 443-459, Jul. 1994.

ROEHR, Sabine. Freedom and Autonomy in Schiller. Journal of the History of Ideas, University of Pennsylvania, v. 64, n. 1, p. 119-134, Jan. 2003.

SCHILLER, Friedrich. Über Anmut und Würde. In: JANZ, Rolf-Peter; BRITTNACHER, Hans Richard; KLEINER, Gerd;

STRÖMER , Fabian (Orgs.). Theoretische Schriften. Frankfurt am Main: DKV, 1992, p. 330-394.

SCHILLER, Friedrich. Do sublime (para uma exposição ulterior de algumas ideias kantianas). In: SÜSSEKIND,

Pedro (Org.). Do sublime ao trágico. Trad. Pedro Süssekind e Vladimir Vieira. Belo Horizonte: Autêntica, 2016, p. 19-52.

SCHILLER, Friedrich. Sobre o patético. Objetos trágicos, objetos estéticos. Trad. Vladimir Vieira. Belo Horizonte: Autêntica, 2018, p. 69-104.

VIEIRA, Vladimir. Objetos trágicos, objetos estéticos. In: SCHILLER, Friedrich. Objetos trágicos, objetos estéticos. Trad. Vladimir Vieira. Belo Horizonte: Autêntica, 2018, p. 139-197.

VIEIRA, Vladimir. Arte bela ou arte mista? Kant sobre a música. Studia Kantiana, v. 17, n. 2, p. 29-42, Ago. 2019.

WICKS, Robert. Kant on Fine Art: Artistic Sublimity Shaped by Beauty. Journal of Aesthetics and Art Criticism, v. 53, n. 2, p. 189-193, Spring. 1995.

WINEGAR, Reed. An Unfamiliar and Positive Law: On Kant and Schiller. Archiv für Geschichte der Philosophie, v. 95, n. 3, p. 275-297, 2013.

Publicado
2020-12-24
Seção
Artigos Convidados