Narrativas benjaminianas: a crônica e as crianças na era do rádio
Resumo
No final dos anos 1920, Walter Benjamin (1892-1940) foi convidado por uma rádio alemã para fazer palestras radiofônicas voltadas às crianças. Das 86 “peças radiofônicas”, 60 ele mesmo se encarregaria da leitura e da apresentação. O rádio recém havia surgido na Alemanha e o filósofo fora precursor no uso dessa mídia voltada à educação infantil abordando assuntos complexos sem apelar para o excesso de didatismo. Para tanto, usava o tom coloquial, em primeira pessoa, numa linguagem que se aproxima, no entendimento da autora, do gênero crônica. Este artigo pretende investigar os recursos de linguagem usados por Benjamin para demonstrar como tal fala miniaturizada aproxima-se do gênero também “menor” da crônica. Essa que, pelo tom de “conversa fiada” que estabelece com o ouvinte, caberia tão perfeitamente no rádio. Uma literatura para se ouvir. E também para ensinar.Referências
ARMAÑANZAS, Emy; NOCI, Javier Diaz. Periodismo y argumentación: géneros de opinión. Bilbao: Universidad del País Vasco, 1996.
ARRIGUCCI JR., Davi. Enigma e comentário: ensaios sobre literatura e experiência. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
BENJAMIN, Walter. A hora das crianças: narrativas radiofônicas de Walter Benjamin. São Paulo: Nau Editora, 2015.
__________. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. São Paulo: Duas Cidades, Ed. 34, 2002.
__________. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. 7ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. Obras escolhidas; v. 1.
__________. Origem do drama barroco alemão. Tradução, apresentação e notas: Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1984.
CANDIDO, Antonio. A vida ao rés-do-chão. In: CANDIDO, Antonio (et al.). A crônica: o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. São Paulo: Editora da UNICAMP; Rio de Janeiro: Fundação Casa Rui Barbosa, 1992.
MEYER, Marlyse. Voláteis e versáteis. De variedades e folhetins se faz a chronica. In: CANDIDO, Antonio (et al.). A crônica: o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. São Paulo: Editora da UNICAMP; Rio de Janeiro: Fundação Casa Rui Barbosa, 1992. p. 93-133.
PAIVA DE LUCA, Heloisa Helena (org.). Balas de estalo de Machado de Assis. São Paulo: Annablume, 1998.
PAIXÃO, Fernando (org.). Crônicas escolhidas: Machado de Assis. São Paulo: Ática, 1994.
SANTOS, Jeana. O colecionador de histórias miúdas: Machado de Assis e o jornal. Florianópolis: Insular, 2013.
TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo – vol. 1 – Porque as notícias são como são. 2ª ed. Florianópolis: Ed. Insular, 2005.
Copyright (c) 2018 Jeana Laura da Cunha Santos
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.