WhatsApp no radiojornalismo
As estratégias do ouvinte repórter para emplacar pautas na programação
Resumo
Brecht (2005), no início, já previa: os ouvintes deviam ser os grandes abastecedores do rádio. Das cartas até o WhatsApp, chegamos a um patamar em que o ouvinte não só participa da programação – ele critica, sugere, elogia, interage, interfere na programação. Esse artigo busca analisar as estratégias utilizadas pelo que definimos como ‘ouvinte repórter’ no programa O Povo no Rádio, da Rádio O POVO CBN, para emplacar pautas na emissora. Para isso, complementamos os conceitos de ‘atos’ e ‘marcas de jornalismo’ (STEARNS, 2013; FÍGARO, 2018) para entender como os gatekeepers (WOLF, 2009) da emissora encaminham as pautas sugeridas pelos ouvintes. Analisamos as mensagens enviadas para o WhatsApp da emissora durante 22 dias úteis, entre 6h e 10h20 da manhã. Percebemos que os ouvintes utilizam principalmente, como estratégia para emplacar pautas, elementos jornalísticos ligados aos princípios básicos da profissão, como a descrição objetiva do problema e a identificação exata do acontecimento.
Referências
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