Mundo Corporativo no rádio
Gênero e cultura da confiança
Resumo
Este artigo parte da abordagem de rádio expandido de Zimmermann (2006) e Kischinhevsky (2016) para discutir gênero e cultura da confiança em um programa de rádio veiculado no dial e em plataformas digitais. Nosso corpus é composto por edições do Mundo Corporativo, veiculado na Rádio CBN, e que completa duas décadas de transmissão em 2022. Observamos e destacamos alguns objetos discursivos de entrevistas realizadas pelo jornalista Milton Jung com mulheres que ocupam cargos importantes no mercado de trabalho. As entrevistadas oscilavam entre a valorização da agência feminina na criação de práticas de liberdade e autonomia, a partir de seus contextos específicos, e a reiteração da individualização de uma carreira bem-sucedida por meio de “técnicas de si” que reproduzem os imperativos da cultura da confiança.
Referências
GILL, Rosalind; ORGAD, Shani. Confidence culture and the remaking of feminism. New Formations, v.91, 2017, pp. 16-34.
GILL, Rosalind; ORGAD, Shani. Confidence culture. London: Duke University Press, 2022.
GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas e sinais. Morfologia e história. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
JUNG, Milton. Jornalismo de Rádio. São Paulo: Contexto, 2004.
KISCHINHEVSKY, Marcelo. Rádio e Mídias Sociais. Rio de Janeiro: Mauad X, 2016.
LOPEZ, Débora Cristina. Rádio com imagens: uma proposta de sistematização do uso de vídeos em páginas de emissoras de rádio. Brazilian Journalism Research - Volume 8, Número 2, 2012.
MANTOVANI, Camila. PESSOA, Sônia. MARQUES, Ângela. Cultura da confiança como “técnica de si” e a invulnerabilidade feminina no contexto organizacional de trabalho. Anais do XXXI Encontro Anual da Compós. Universidade Federal do Maranhão. Imperatriz - MA. 06 a 10 junho 2022
MATOS, Marlise. Democracia, sistema político brasileiro e a exclusão das mulheres. Revista do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, v.7, 2015, p. 24-35.
MAURUSCHAT, Ania. Ruído, peça sonora, rádio extendido: um estudo de caso de bugs & beats & beasts. Polêmica Revista Eletrônica, V. 13, n° 2, 2014.
McLAREN, Margaret. Foucault, feminismo e subjetividade. São Paulo: Intermeios, 2016.
McLAREN, Margareth. Resistência e revolução: “nem tudo é igualmente perigoso”. In: RAGO, Margareth; GALLO, Sílvio (orgs.). Michel Foucault e as insurreições: é inútil revoltar-se? São Paulo: Intermeios, 2017, p.351-362.
OKSALA, Johanna. O sujeito neoliberal do feminismo. In: RAGO, M.; PELEGRINI, M.(orgs.). Neoliberalismo, Feminismos e Contracondutas: perspectivas foucaultianas. São Paulo: Intermeios, 2019, p.115-138.
OKSALA, Johana. Feminism and Neoliberal Governmentality, Foucault Studies, n.16, 2013, p.32-53.
PESSOA, Sônia Caldas. Imaginários sociodiscursivos sobre a deficiência. Experiências e partilhas. Coleção Tese. Belo Horizonte (MG): PPGCOM, 2018. Disponível em: http://www.seloppgcom.fafich.ufmg.br/index.php/seloppgcom/catalog/book/21. Acesso em 19 mai. 2019.
RAGO, Margareth. Foucault, o neoliberalismo e as insurreições feministas. in RAGO, M. ; GALLO, S. (orgs.) Michel Foucault e as insurreições: é inútil revoltar-se?, São Paulo: Intermeios, 2017, p.363-374.
ROGERS, Richard. Digital Methods for Web Research. In: Emerging Trends in the Social and Behavioral Sciences, 1–22, 2015.
VENTURINI, Tommaso; BOUNEGRU, Liliana; GRAY, Jonathan; ROGERS, Richard. A Reality Check(List) for Digital Methods. In: New Media & Society, v. 20, n. 11, nov. 2018.
ZIMMERMANN, Elizabeth. La radio expandida. Sexta Bienal Internacional de Radio. Radio Educación: México, 2006.