Da pandemia à xawara
mapeamento das notícias de TV a partir do jornalismo em equívoco
Resumo
Neste artigo, mapeamos a cobertura do noticiário de TV sobre a pandemia da Covid-19, usando como lente a teoria do jornalismo em equívoco, em um trabalho de observação realizado a partir das formas comunicacionais dos povos originários no Brasil, principalmente a ideia do Perspectivismo Ameríndio. Cartografamos equívocos que emergem da cobertura da pandemia, no recorte de dois programas jornalísticos: o Fantástico, da TV Globo e o Domingo Espetacular, da Record TV, em edições exibidas entre março e julho de 2020. Pensando em equívoco como dois mundos expressos pela mesma palavra, demarcamos como a palavra “pandemia” precipitou diferentes mundos. Como resultado, notamos que os dois programas se constituem como perspectivas divergentes sobre a pandemia, evidenciando que, de fato, em mundos diferentes, uma mesma palavra tem significados diversos. Entendemos, a partir desta aplicação, que o jornalismo em equívoco não opera dicotomias, mas funciona de modo gradiente; é possível medir graus de equívocos, por isso mesmo, uma terceira perspectiva, a do presidente Jair Bolsonaro, impôs-se, ao longo do material observado, como um terceiro modo de entender a palavra pandemia, divergente e ao mesmo tempo convergente com as outras duas.
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