Relações de gênero e consumo de água subterrânea em Ouro Preto - MG

  • Maria Clara Nascentes Morgado Universidade Federal de Ouro Preto
  • Adivane Terezinha Costa
  • Marcela Barcelos Barbosa
  • Ana Maciel de Carvalho
  • Barbara Zambelli
  • Jessica Barcellos
  • Juliana Fernandes Couto
Palavras-chave: Águas Subterrâneas, Gestão Sustentável, Ouro Preto, Desigualdade de Gênero, Escassez de Água, Políticas Públicas

Resumo

As águas subterrâneas desempenham um papel crucial no abastecimento de água potável no Brasil, onde representam cerca de 40% do total. No entanto, a distribuição desigual dessas águas resulta em milhões de brasileiros sem acesso à água potável. A cidade de Ouro Preto-MG, possui uma relação intrínseca com as águas subterrâneas devido à sua localização em uma região geologicamente propícia. Contudo, a gestão sustentável dessas águas enfrenta desafios, como a contaminação e as desigualdades de acesso, sendo as questões de gênero um das principais interseccionalidades dessa problemática. Este artigo apresenta os resultados de um estudo realizado em Ouro Preto, que analisou as diferenças de gênero na divisão do trabalho doméstico, a percepção da falta de água e da qualidade da água, bem como o conhecimento sobre as águas subterrâneas. Os resultados revelaram uma divisão desigual das tarefas, com as mulheres assumindo a maior parte das responsabilidades domésticas e sendo mais afetadas pela falta de água, além de reportarem mais frequentemente a percepção de qualidade inadequada do recurso. Conclui-se que é necessário implementar medidas para promover a igualdade de gênero no acesso e gestão das águas subterrâneas, por meio de programas educacionais, políticas públicas e ações de conscientização.

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Publicado
2025-01-27
Como Citar
Nascentes Morgado, M. C., Terezinha Costa, A., Barcelos Barbosa, M., de Carvalho, A. M., Zambelli, B., Jessica Barcellos, & Fernandes Couto, J. (2025). Relações de gênero e consumo de água subterrânea em Ouro Preto - MG. Além Dos Muros Da Universidade, 10(1), 96-104. https://doi.org/10.70615/alemur.v10i1.7649