O olhar sobre o negro na literatura brasileira do pós-abolição

uma análise no romance “A intrusa” de Júlia Lopes de Almeida

  • Ingrid Silva de Oliveira

Resumen

Para o historiador interessado em tratar a literatura como fonte de pesquisa, cabe considerar que esse tipo de escrita é social em dois sentidos: depende do meio histórico no qual é produzida e age sobre este meio. A proposta deste artigo é discutir a representação do negro na literatura brasileira no início do século XX, com base na análise do romance A intrusa, escrito por Júlia Lopes de Almeida e publicado em 1905. Nossa questão central é a compreensão do papel de Júlia no que tange ao papel do negro naquela sociedade. Buscaremos compreender qual o posicionamento da autora, como membro de uma intelectualidade com referências européias, defensora de direitos femininos e adepta do processo abolicionista, diante da tarefa de caracterizar o negro e pensar o lugar que esse ocuparia na sociedade brasileira como homem livre. Intencionamos também mostrar como o discurso de Júlia se assemelha ao da maioria dos escritores que produziram naquela época, no sentido de caracterizar o negro com uma perspectiva pessimista e reforçar, em seu texto, a dicotomia entre negro/perverso e branco/bondoso.

Publicado
2010-12-31
Sección
Dossiês temáticos