Reverberações dos procedimentos formais de Luciano de Samósata nos contos de Machado de Assis
Abstract
Neste artigo, desejamos averiguar como Machado de Assis aproveitou os procedimentos formais de composição poética de Luciano de Samósata, autor da Antiguidade Clássica que deu continuidade à sátira menipéia. Embora a relação entre os dois autores seja de certa forma muito estudada e explorada pelos críticos, encontramos normalmente pesquisas que comparam apenas os romances de Machado de Assis com as obras de Luciano. Dessa forma, nosso intuito é constatar que é também possível notar em vários contos de Machado a aplicação do modo da sátira luciânica e que, pelo fato de suas obras serem fonte de estudo de diversas vertentes da literatura (além de outras áreas do conhecimento), pode-se também analisá-las por esse viés formal referente à sátira menipéia e a Luciano de Samósata. Desse modo, primeiramente, buscamos analisar as obras de Luciano em que ele discute sobre seu processo de construção poética, a fim de encontrarmos elementos formais de narrativa contumazes em suas obras. Em seguida, analisamos os textos Conto Alexandrino, A igreja do Diabo, Lágrimas de Xerxes e Entre Santos, de Machado de Assis, para identificar as semelhanças entre os dois autores em relação aos seus procedimentos poéticos.
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