Processamento sociocognitivo da intertextualidade: recursividade como ferramenta de análise linguístico-textual

  • Ev’Ângela Batista Rodrigues de Barros PUC MINAS
  • Igor Richielli Braga Campos
Palavras-chave: Gêneros. Intertextualidade. Interdiscursividade. Linguística Textual. Linguística Cognitiva.

Resumo

Na confluência entre Linguística Textual e Linguística Cognitiva, numa perspectiva sociocognitiva, este estudo exploratório, de natureza qualitativa, apresenta uma visão sobre a detecção de aspectos referentes à intertextualidade e à interdiscursividade como resultantes de uma competência cognitiva, a recursividade, análogo ao que ocorre na linkagem semântica a termos (simples ou oracionais), elementos linguísticos que funcionam como “gatilhos”. Como os discursos se (re)constroem na troca entre sujeitos-autores e sujeitos-leitores / ouvintes (BAKHTIN, 2003; VOLÓCHINOV, 2018), por meio de processos de referenciação e recategorização (MONDADA; DUBOIS, 2003; LIMA; CAVALCANTE, 2015, entre outros), a discursivização se constrói em uma relação cognitiva baseada em processos recursivos, do ponto de vista sintático-semântico, e numa relação sócio-interacionista, de uma perspectiva pragmática. Como resultado, apresentamos um expediente didático que poderá contribuir para orientação do ensino de interpretação de diferentes gêneros, a partir do mapeamento de “sintagmas-gatilho” centrais ao processamento textual.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ADAM, Jean-Michel. Quadro teórico de uma tipologia sequencial. In: Textos, tipos e protótipos. São Paulo: Contexto, 2019.
ADAM, Jean-Michel. A Análise Textual dos Discursos: entre Gramáticas de Texto e Análise do Discurso. Eutomia. V. 1, n. 6, 2010. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/EUTOMIA/article/view/1685.
APOTHÉLOZ, Denis. Papel e funcionamento da anáfora na dinâmica textual. In: Referenciação. São Paulo: Contexto, 2003. pp.53-84. (Clássicos da Linguística).
AUTHIER-REVUZ, Jacqueline. Heterogeneidade(s) Enunciativa(s). Cad. Est. Ling. v. 19. São Paulo: Unicamp, 1990. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8636824.
CAVALCANTE, Sandra M. S. Dimensões sociocognitivas da intertextualidade. In: MARI, Hugo; WALTY, Ivete. VERSIANI, Zélia. Ensaios sobre leitura II. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, 2007.
CORBALLIS, M. The recursive mind: the origins of human language, thought, and civilization. 3. ed. Princeton: Princeton University Press, 2014.
CORBALLIS, M. The uniqueness of human recursive thinking. American Scientist, v. 95, p. 240-248, 2007. Disponível em: https://www.americanscientist.org/article/the-uniqueness-of-human-recursive-thinking. Acesso em: 10 dez. 2020.
EVERETT, Daniel. Cultural constraints on grammar and cognition in Pirahã. Current Anthropology, v. 46, n. 4, 2005, p. 621-646. Disponível em: http://philpapers.org/rec/EVECCO.
FARACO, C. A. Zellig Harris: 50 anos depois. Revista Letras, Curitiba, n. 61, especial, p. 247-252, 2003. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/letras/article/download/2889/2371. Acesso em: 10 dez. 2020.
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.
GREGOLIN, M. R. A Análise do Discurso: conceitos e aplicações. Alfa, São Paulo, 39: 13-21, 1995. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/article/view/3967. Acesso em: 20 Jan. 2021.
HAUSER, M.; CHOMSKY, N.; FITCH, T. The faculty of language: What is it, who has it, and how did it evolve? Science, v. 298, p. 1569-1579, 2002. Disponível em: http://psych.colorado.edu/~kimlab/hauser.chomsky.fitch.science2002.pdf. Acesso em: 21 jan. 2021.
INDURSKY, F. O texto nos estudos da linguagem: especificidades e limites. In: ORLANDI, E.; LAGAZZI¬-RODRIGUES, S. (Org.). Discurso e textualidade. Campinas: Pontes, 2006.
KOCH, Ingedore G.V. A referenciação como atividade cognitivo-discursiva e Interacional. Cad.Est.Ling., Campinas, (41):75-89, jul. /dez. 2001.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Introdução à linguística textual: Trajetórias e grandes temas. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
KOCH, V.I.; TRAVAGLIA, L.C. A coerência textual. 17. ed. – 1ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2007, 118 p
LIMA, Silvana M.C. de; CAVALCANTE, Mônica M. Revisitando os parâmetros do processo de recategorização. ReVEL, vol. 13, n. 25, 2015. [www.revel.inf.br].
MARCILESE, M., CORREA, L. M. S.; AUGUSTO, M. R. A. Recursividade na sintaxe da língua e na aritmética: interdependência ou independência entre domínios? Um estudo experimental. Letrônica, Porto Alegre, v. 7, n. 1, p. 250-277, jan./jun., 2014. Disponível em: https://doi.org/10.15448/1984-4301.2014.1.16703. Acesso em: 10 jul. 2020.
MELO NETO, João Cabral de. Obra completa: volume único. OLIVEIRA, Marly (Org.). Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p.350-351.
MONDADA, Lorenza. Construction des objets de discours et Catégorisation: une approche des Processus de référenciation. Trad. Mônica M. Cavalcante. Rev. de Letras. Nº 24 - Vol. 1/2 - jan/dez. 2002.
ORLANDI, E. Exterioridade e ideologia. Cad. Est. Ling., Campinas, (30):27-33, jan./jun. 1996. Disponível em: http://taurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/118742/1/ppec_8637037-6778-1-PB.pdf. Acesso em: 10 fev. 2021.
ORLANDI, E. Texto e discurso. Organon, São Paulo, v. 9, n. 23, 1995. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/organon/article/view/29365/0. Acesso em: 10 dez. 2020.
PAVEAU, Marie-Anne. Palavras anteriores. Os pré-discursos entre memória e cognição. Filol. lingüíst. port., n. 9, p. 311-331, 2007.
VELOSO, C. Língua. In: Letras. Disponível em: https://www.letras.mus.br/caetano-veloso/44738/. Acesso em: 12 jan.2021.
VAN DIJK, Teun. Discurso e contexto: uma abordagem sociocognitiva. São Paulo: Contexto, 2012.
Publicado
2021-12-29