O trabalho com a variação linguística na sala de aula: reflexão e uso

  • Joseli Rezende Thomaz Universidade Federal de Juiz de Fora

Resumo

A compreensão do conceito de norma, bem como a distinção entre norma padrão, norma gramatical e norma culta podem nos ajudar a desfazer alguns equívocos cometidos há muito no ensino de Língua Portuguesa sobre o “certo” e “errado” em língua e viabilizar o trabalho com a pedagogia da variação linguística na escola. O presente trabalho faz, então, um breve histórico da construção do conceito de gramática, mostrando como e por que se construiu, ao longo da cultura ocidental, a ideologia do padrão ligado ao "melhor" em linguagem. Em seguida, discorro sobre a pesquisa empreendida e os procedimentos metodológicos utilizados. Apresento, por fim, as contribuições para o ensino de língua materna possíveis de se alcançar a partir de um trabalho de reflexão sociolinguística. A partir da concepção dialógica da linguagem (BAKTIN, 2006) e do modelo de descrição e interpretação do fenômeno linguístico no contexto social de comunidades urbanas de grande impacto na Linguística contemporânea (LABOV, 1974), desenvolvi uma pesquisa-ação com alunos do 7° ano de uma escola da rede particular de ensino da cidade brasileira de Juiz de Fora (MG), usuários de uma das variedades urbanas prestigiadas da língua portuguesa. A análise contrastiva de estruturas dos diferentes dialetos presentes no contínuo rural-urbano, bem como nos contínuos de monitoração estilística e de oralidade letramento (BORTONI-RICARDO, 2004) permitiu fazê-los entender esse complexo fenômeno, natural em todas as línguas. Na verdade, o que é necessário é que a escola desenvolva uma pedagogia da variação linguística sensível às diferenças sociolinguísticas e culturais dos alunos, mas isso requer compreensão e mudança radical na postura de professores, alunos e da sociedade em geral.

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