A HABITAÇÃO COMO ESPAÇO DE HABITUAÇÃO
Resumo
Pretende-se apresentar uma breve história do hábito através das transformações do habitar desde o século XIX, a partir dos escritos de Walter Benjamin. A habituação mostra-se como um processo temporal de formação do hábito no espaço da habitação. As variações na definição do conceito de habitar e seus termos derivados permitem demonstrar uma dialética interna de seu desenvolvimento, polarizada entre permanência e transitoriedade. Para uma história desse conceito, investiga-se inicialmente o ponto de articulação entre as formas anteriores e posteriores de sua conjugação nos espaços de habitação. Tal ponto de inflexão e ruptura, que concentra os polos da transição, é designado por Benjamin como a origem daquelas formas e identificado com as passagens parisienses do século XIX, que se desdobram nas arquiteturas do intérieur, do art nouveau e de ferro e vidro. Em cada uma delas, como se há de esclarecer, é retormulado o conceito: habitar significa "deixar rastros", consiste em "confeccionar um casulo" e, como verbo transitivo, consiste ainda em uma "atualidade frenética". Pergunta-se, afinal, se e como é possivel habitar.