KANT E LACAN

(EST)ÉTICA

  • Imaculada Kangussu

Abstract

A proposta deste texto é destacar a autonomia atribuída ao sujeito, na fundamentação kantiana da ética, e as consideracões de Lacan sobre este fundamento. Como se sabe, ao apresentar as leis morais - "leis da liberdade" - sob a máxima do imperativo categórico, Kant não determina quais as normas a serem seguidas. Ao contrário, a forma vazia deste atribui ao agente a responsabilidade não apenas da ação moral, como também a de estabelecer qual é essa ação. A indeterminação normativa da lei moral sera considerada, não como o limite da ética universalista proposta pelo filósofo e sim, distintamente, como o âmago irredutível da autonomia moral, justamente por deixar o sujeito diante do abismo da liberdade. A ausência de regras de condutas específicas a serem seguidas coloca-o situação de responsável por traduzir a injunção abstrata do imperativo categórico em comportamentos concretos diante de realidades materiais. Surge então a pergunta sobre como enfrentar a insegurança e o relativismo implicados na renúncia às garantias das regras normativas, que é a própria condição da ética verdadeiramente autônoma. Julgamos poder encontrar na filosofia kantiana índices para responder a tal questão.

Published
2012-12-31
Section
Artigos