Como tornar a bivalência compatível com a intuição de que o futuro é aberto?

  • Matheus Silva Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Resumo

Suponha que um almirante diga que haverá uma batalha naval amanhã. Essa proposição, con- siderada no momento em que é asserida, é verdadeira ou falsa? Essa pergunta gera perplexidade, pois, por um lado, temos a intuição de que qualquer proposição é verdadeira ou falsa, ainda que não saibamos qual é o seu valor de verdade. Essa é a intuição que sustenta o princípio da bi- valência, segundo o qual toda proposição é verdadeira ou falsa. Por outro lado, também temos a intuição de que essa proposição não pode ser verdadeira ou falsa agora, no momento em que é asserida, pois o que a tornará verdadeira ou falsa ocorrerá apenas amanhã. Essa é a intuição de que o futuro é aberto. Contudo, como eu posso aceitar a intuição de que o almirante tem esco- lhas livres se os valores de verdade das proposições acerca de suas escolhas futuras já estão deter- minados? Esse é o problema dos futuros contingentes. Neste artigo, apresento soluções para esse problema que nos permitem manter o princípio da bivalência sem abdicar da intuição de que o futuro é aberto. Embora alguns argumentos apresentados sejam de minha autoria, este artigo deve ser entendido como um texto introdutório sobre o assunto e não como um artigo de inves- tigação: o meu objetivo foi é recolher e apresentar de maneira acessível os diferentes argumentos da literatura e não fornecer uma contribuição inovadora ao assunto.
Publicado
2014-03-23
Seção
ARTIGOS INÉDITOS