A dádiva da alforria e o governo dos escravos no Brasil colonial (Campos dos Goitacases, c. 1750 - c. 1830)

  • Márcio de Sousa Soares

Resumen

Tomando a região dos Campos dos Goitacases durante o processo de montagem e expansão das atividades açucareiras como locus de pesquisa, considera-se que a escravidão deve ser entendida como um processo institucional que produzia e reproduzia o sistema ao articular tráfico, situação de escravidão e alforria.
As tensões sociais derivadas da constante introdução de desenraizados e o potencial de conflito inerente à relação senhor-escravo tinham que ser minorados a ponto de não comprometer a instituição. Argumento que a prática da alforria exercia um papel estrutural para a estabilidade do sistema escravista no Brasil. Nessa perspectiva, considero que a alforria deve ser entendida no contexto da economia moral do dom, uma vez que instaurava uma série de obrigações recíprocas entre libertos e patronos, como porque os ex-senhores conservavam direitos sobre os ex-escravos. Não obstante a participação dos escravos no estabelecimento dos termos do acordo que conduzia à alforria, a prerrogativa moral de conceder ou não a liberdade estava reservada aos senhores. Tratava-se portanto de uma concessão senhorial.

Publicado
2004-12-31
Sección
Artigos