Estão abertas as chamadas dos dossiês temáticos de 2022

2022-01-14

Radiofonias recebe artigos de temas livres em fluxo contínuo e aceita submissões em português, espanhol e inglês, de autoria ou em coautoria com doutores(as).
As diretrizes para autores(as) podem ser encontradas na página: https://periodicos.ufop.br/radiofonias/about/submissions

Edição 2022.1 – “Rádio e gênero”
Embora representem a maioria da população brasileira, as mulheres são minoria no jornalismo. Segundo dados da Workr, plataforma de comunicação corporativa do portal Comunique-se, 15.654 mulheres estavam empregadas em veículos de comunicação em 2019, o equivalente a 36,98% dos postos de trabalho no mercado de imprensa nacional. No rádio, contudo, a participação feminina era ainda menor: apenas 2.284 mulheres (20,5% do total) trabalhavam em funções jornalísticas, como repórter, apresentadora e diretora de redação, contra 11.182 homens. Essa é uma amostra da profunda desigualdade de gênero que historicamente caracteriza o rádio no Brasil, onde prevalece a voz masculina.
Este cenário começa a ser alterado nos anos 1970, a partir de iniciativas pioneiras como a Rádio Mulher (SP), e mais recentemente de mudanças na gestão de emissoras públicas e privadas, cada vez mais atentas às discussões em torno de equidade de gênero. Mas, ainda hoje, prevalecem na maioria dos casos rotinas produtivas marcadas por práticas machistas e misóginas, não raro com situações explícitas de assédio moral e sexual. Um ambiente permeado por uma masculinidade tóxica, em que a voz das mulheres e de pessoas de sexualidade não binária ainda se faz ouvir pouco, muitas vezes reiterando estereótipos.
Entendendo que a diversidade de gêneros é chave para um rádio representativo e plural, comprometido com a equidade, a Radiofonias – Revista de Estudos em Mídia Sonora lança o dossiê “Rádio e gênero”, no qual incentiva submissões que proponham reflexões teóricas, estudos de caso e/ou decorram de projetos de pesquisa envolvendo questões como:
• Representações de gêneros no rádio;
• Machismo, misoginia e homofobia na radiodifusão sonora;
• Quem fala no rádio: credibilidade e locução;
• Desbravadorxs: história e memória de pessoas pioneiras que conseguiram fazer com que vozes femininas ou LGBTQIA+ fossem escutadas na radiofonia;
• Políticas públicas e experiências de gestão em busca da equidade de gênero na radiofonia.
Prazo para submissões: 21 de março de 2022

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Edição 2022.2 – Dossiê “Radiojornalismo e a cobertura eleitoral”
Apontado em diversas pesquisas como o meio de comunicação de maior credibilidade, o rádio vem enfrentando dificuldades para preservar seu capital simbólico num cenário de fragilidade econômica e crescente radicalização política. Emissoras tradicionais se articulam com interesses partidários locais, regionais e nacionais, comprometendo o equilíbrio da cobertura jornalística em favor de uns candidatos, em detrimento de outros. Num contexto de ampla circulação de campanhas de desinformação, que caracterizaram as últimas eleições no Brasil e em nível internacional, o debate sobre grandes temas da sociedade acaba sendo ofuscado, quando não interditado.
O rádio AM/FM encara ainda a concorrência de novos atores no mercado de áudio informativo, com a ascensão de podcasts independentes, de caráter noticioso e/ou de entrevistas, que disputam a atenção da audiência. Sem falar em todo um ecossistema de áudio absolutamente opaco, que abrange grupos de aplicativos de mensagens instantâneas, como WhatsApp e Telegram, por onde circulam tanto conteúdos radiofônicos quanto híbridos, editados como parte de estratégias de campanha – em geral, uma guerra suja, em que mentiras são lançadas contra adversários políticos.
A poucos meses do início do período eleitoral no Brasil, pesquisadores se mobilizam em torno de investigações coletivas, como as desenvolvidas pela Rede de Pesquisa em Radiojornalismo (RadioJor), vinculada à Associação Brasileira dos Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), para monitorar a cobertura eleitoral oferecida pelo rádio, entendido como serviço público de radiodifusão.
Nesse contexto desafiador, a Radiofonias – Revista de Estudos em Mídia Sonora lança o dossiê “Radiojornalismo e a cobertura eleitoral”, incentivando submissões que proponham reflexões, estudos de caso e/ou decorram de projetos de pesquisa envolvendo questões como:
• Conceito e medições de qualidade no radiojornalismo;
• Equilíbrio na cobertura radiofônica sobre política;
• A desinformação como modelo de negócios;
• Rádio, política e linha editorial – constrangimentos organizacionais;
• As fontes de informação no radiojornalismo em período eleitoral;
• Novos atores no jornalismo em áudio – o papel eleitoral do podcasting, do streaming e dos aplicativos de mensagem instantânea na circulação de noticiário e comentários políticos;
• Novos hábitos de escuta – condições para apropriação do noticiário político em mídia sonora pela audiência no contexto do rádio expandido e hipermidiático.

Prazo para submissões: 4 de julho de 2022