A comunicação radiofônica sob a ótica das epistemologias plurais: representações sobre o padrão de beleza contemporâneo no podcast Café da Manhã

Palavras-chave: Comunicação radiofônica, Epistemologias plurais, Padrão de beleza, Interseccionalidade, Podcast Café da Manhã

Resumo

Objetivamos, por meio deste trabalho, investigar como a comunicação radiofônica pode atuar na (re)construção das representações sobre o padrão de beleza contemporâneo, contribuindo para uma reflexão crítica sobre o tema. Como objeto empírico, elegemos um episódio do podcast Café da Manhã, que aborda o desfile da Victoria’s Secrets, realizado em 2024. Nos ancoramos na perspectiva das epistemologias plurais e adotamos como dispositivo teórico-metodológico a interseccionalidade. Partimos do entendimento do ideal de beleza a partir de quatro valores fundamentais: a saúde, a magreza, a branquitude e a juventude. Para análise, acionamos a Metodologia Holofote, iluminando três eixos narrativos principais: o padrão de beleza, a moda e a interseccionalidade. É possível depreender que o podcast concebe o ideal de beleza atual como excludente, dando relevo ao papel da moda e aos atravessamentos interseccionais que estabelecem os lugares de (in)visibilidade a determinadas corporalidades.

Biografia do Autor

Dayana Cristina Barboza Carneiro, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Doutora em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (2024). Mestra em Comunicação pela Universidade Federal de Ouro Preto (2017). Graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pelo Centro Universitário Estácio de Sá de Belo Horizonte (2010). Possui experiência na área da Comunicação como docente, pesquisadora e assessora de comunicação. Atualmente, é professora na pós-graduação Comunicação, Diversidade e Inclusão nas Organizações do IEC PUC-Minas. Integrante do Grupo de Pesquisa Convergência e Jornalismo (ConJor), do Grupo de Estudos Comunicação e Epistemologias Feministas (GECEF), ambos do PPGCom/UFOP, e do Grupo de Pesquisa em Imagem e Sociabilidade (GRIS) do PPGCom/UFMG. É autora da tese "CELEBRIDADES-RESISTÊNCIA: um olhar pragmatista e interseccional para as ações de Preta Gil e Thais Carla no enfrentamento à gordofobia e a outras opressões" que recebeu menção honrosa do PPGCom da UFMG em 2025. Tem interesse em pesquisas na área da Comunicação, especialmente nas temáticas Interseccionalidade, Gênero, Gordofobia, Celebridades e Redes sociais digitais.

Referências

AIRES, Aliana Barbosa. De gorda à plus size: a produção biopolítica do corpo nas culturas do consumo - entre Brasil e EUA. 2019. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas de Consumo, Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), São Paulo, 2019.

AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2021.

ANDRADE, Alice Oliveira de. Enegrecer os estudos radiofônicos: escuta decolonial, epistemicídio e insurgência sonora. Radiofonias – Revista de Estudos em Mídia Sonora, Mariana-MG, v. 16, n. 01, p. 08-36, jan./abr. 2025a.

ANDRADE, Alice Oliveira de. POR UM RÁDIO QUE ROMPA SILÊNCIOS E SILENCIAMENTOS: referenciais epistemológicos de raça e gênero para pensar o jornalismo sonoro. Anais do 34º Encontro Anual da Compós, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, 2025b.

ARRUDA, Agnes. O peso e a mídia: as faces da gordofobia. São Paulo: Alameda, 2021.

CAFÉ DA MANHÃ. A diversidade na moda saiu de moda? Café da Manhã, podcast, Folha de São Paulo, São Paulo, 2024. Disponível em: https://open.spotify.com/episode/07sjX2HJy0Czl6zU2BHopw Acesso em: 1 nov. 2025.

CARNEIRO, Dayana Cristina Barboza. Celebridades-resistência: um olhar pragmatista e interseccional para as ações de Preta Gil e Thais Carla no enfrentamento à gordofobia e a outras opressões. 2024. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2024.

CARRERA, Fernanda. Para além da descrição da diferença: apontamentos sobre o método da roleta interseccional para estudos em Comunicação. Liinc Em Revista, v. 17, n. 2, e5715, 2021a.

CARRERA, Fernanda. Roleta interseccional: proposta metodológica para análises em Comunicação. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, v. 24, jan./dez. 2021b.

CHARAUDEAU, Patrick. Identidade social e identidade discursiva, o fundamento da competência comunicacional. PIETROLUONGO, Márcia. (Org.) O trabalho da tradução. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2009.

COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. Tradução de Rane Souza. São Paulo: Boitempo Editorial, 2021.

COÊLHO, Tamires; CORRÊA, Laura Guimarães. Normas e valores. In: FRANÇA, Vera Veiga; MARTINS, Bruno Guimarães; MENDES, André Melo (Orgs.). Grupo de Pesquisa em Imagem e Sociabilidade (GRIS): trajetória, conceitos e pesquisa em comunicação. Belo Horizonte: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - PPGCom - UFMG, 2014.

CRANE, Diana. A moda e seu papel social: classe, gênero e identidade das roupas. Tradução Cristiana Coimbra. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2006.

CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, UFSC, v. 10, n. 1, p. 171-188, 2002.
DRUMMOND, Leonardo. Conceitos introdutórios de DE&I. Comunicação, diversidade e inclusão [livro eletrônico]: diálogo entre academia e mercado. Organizadores Ettore Medeiros, Letícia Lins, Pâmela Guimarães-Silva. - Belo Horizonte, MG: Fafich/Selo PPGCOM/UFMG, 2024.

FRANÇA, Vera Regina Veiga. Representações, mediações e práticas comunicativas. In: PEREIRA, Miguel; GOMES, Renato Cordeiro; FIGUEIREDO, Vera Lúcia Follain de. (Orgs.). Comunicação, representação e práticas sociais. Rio de Janeiro, RJ: Editora PUC-Rio, 2004.

FLOR, Gisele. Corpo, mídia e status social: reflexões sobre os padrões de beleza. Revista Estudos de Comunicação, Curitiba, v. 10, n. 23, p. 267-274, set./dez. 2009.

ECO, Umberto. História da beleza. Rio de Janeiro: Record, 2013.

HALL, Stuart. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Ed. PUC Rio; Apicuri, 2016.

HOLANDA, Camila Soares. Jornalismo e interseccionalidade: a temática “aborto” nos podcasts Angu de grilo, Café da manhã e Mamilos. 2024. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2024.

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. Lute como uma gorda: gordofobia, resistências e ativismos. 2020. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-graduação em Estudos de Cultura Contemporânea, Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, 2020.

LIMA, Vanessa Figueiredo. Gordofobia, gênero, classe, raça, sexualidade: uma questão de saúde. In: SAMYN, Henrique Marques; ARAO, Lina. Feminismos dissidentes: perspectivas interseccionais. São Paulo: Jandaíra, 2021.

LOPEZ, Debora Cristina; BETTI, Juliana Cristina Gobbi; FREIRE, Marcelo. Epistemologias dos estudos radiofônicos: construir a pesquisa com lentes plurais. Anais do 33º Encontro Anual da Compós, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ, 2024.

LOPEZ, Debora Cristina; BETTI, Juliana Cristina Gobbi; FREIRE, Marcelo. Epistemologías plurales en los estudios radiofónicos. La Trama de la Comunicación - Volumen 29 Número 1 - enero a junio, 2025.

LOPEZ, Debora Cristina; BETTI, Juliana Cristina Gobbi; ROZA, Sabrina; SILVA, Ariane Stéfanie da. Perspectivas interseccionais nos estudos radiofônicos: articulações na pesquisa brasileira. Revista Encuentros Latinoamericanos. Segunda época, vol. IX, n. 1, enero-junio, 2025.

LORDE, Audre. Não existe hierarquia de opressão. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (Org.). Pensamento Feminista Brasileiro: Formação e contexto. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 234-237.

PILGER, Caroline Roveda. As gordas saem do armário... e entram no closet: interseccionalidade, lugar de fala e empoderamento na configuração das mulheres gordas pela revista Donna. 2021. 346f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Porto Alegre, RS, 2021.

RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.

SANT’ANNA, Denise Bernuzzi de. História da beleza no Brasil. São Paulo: Contexto, 2014.

SIBILIA, Paula. A politização da nudez: Entre a eficácia reivindicativa e a obscenidade real. Anais 23° Encontro Anual da Compós. Pará: UFPA, 2014.

SPOTIFY divulga retrospectiva 2024; veja as músicas e os artistas mais ouvidos no Brasil este ano. O Tempo, 2024. Disponível em: https://www.otempo.com.br/entretenimento/2024/12/4/spotify-divulga-retrospectiva-2024--veja-as-musicas-e-artistas-m Acesso em: 29 out. 2025.

VIGARELLO, Georges. História da beleza. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.

VILHENA, Junia; MEDEIROS, Sergio; NOVAES, Joana de Vilhena. A violência da imagem: estética, feminino e contemporaneidade. Revista Mal-estar e Subjetividade, v. 1, p. 109-144, mar. 2005.
Publicado
2025-11-24
Como Citar
Cristina Barboza Carneiro, D. (2025). A comunicação radiofônica sob a ótica das epistemologias plurais: representações sobre o padrão de beleza contemporâneo no podcast Café da Manhã. Radiofonias – Revista De Estudos Em Mídia Sonora , 16(3), 52-77. https://doi.org/10.63234/radiofonias.v16i3.8324
Seção
Dossiê 15 anos de pesquisa em rádio e mídia sonora no ConJor