A literatura feminina no período pós-colonial na Guiné-Bissau

uma análise das obras de Odete Semedo

Palavras-chave: Literatura africana, Literatura guineense, Literatura pós-colonial

Resumo

 

As literaturas africanas de língua portuguesa são complexas, revestem-se de nuances baseadas nas culturas e tradições que carregam a identidade sociocultural dos povos originários. A literatura se constrói na base da arte da oralitura, que é a base da transmissão das regras de ser e de estar em sociedade. A pesquisa tem como objetivo geral compreender a historiografia feminina da literatura guineense no período póscolonial. Especificamente, a pesquisa descreve o processo de colonização e resistência da África; diferencia a literatura colonial da literatura africana; e caracteriza a literatura guineense enfatizando a escritora feminista Odete Semedo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de cunho descritivo, baseada em materiais já publicados sobre a temática. Assim, os dados coletados foram organizados e definidos com base nas teorias estudadas. Da pesquisa se concluiu que as literaturas africanas de língua portuguesa surgiram a partir da década de 40, em perspectiva anticolonialista e identitária. No período pós-colonial, na Guiné-Bissau, despontou a figura da Maria Odete da Costa Soares Semedo, feminista, política, poetisa, romancista que teve grande contribuição na poesia tradicionalista que parte da oratura para a literatura. Há marcas permanentes das tradições, da cultura, com o uso do crioulo como uma língua que se cruza com a língua portuguesa, que é a língua da redação dos textos. Para além disso, há presença forte do feminismo, que afirma a identidade guineense.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AFIGBO, Adiele Eberechukuwu. Repercussões sociais da dominação colonial: novas estruturas sociais. In: BOAHEN, Albert Adu (Ed.). História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935. 2. ed. rev. Brasília: Unesco, 2010, p. 567-589.

AUGEL, Moema Parente. Prefácio. In: SEMEDO, Odete Costa. Sonéá: histórias e passadas que ouvi contar I. Bissau: Inep, 2000, p. 7-17.

BÂ, A. Hampatê. A tradição viva. In: KIZERBO, Joseph (Ed). História Geral da África, I: metodologia e pré-história da África. Brasília: Unesco, 2010, p. 167-212.

BETTS, Raymond F. A dominação europeia: métodos e instituições. In: BOAHEN, Albert Adu (Ed.). História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935. 2. ed. rev. Brasília: Unesco, 2010, p. 352-375.

BOAHEN, Albert Adu. A África diante do desafio colonial. In: BOAHEN, Albert Adu (Ed.). História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935. 2. ed. rev. Brasília: Unesco, 2010, p. 1-20.

BRASIL. Lei nº 10.639/2003. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências.

BRASIL. Lei nº 11.645/2008. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.

CA, Lourenço Ocuni. Cultura escolar e os povos coloniais: a questão dos assimilados nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). ETD: Educ. Tem. Dig., Campinas, v. 13, n. 1, p. 207-224, jul./dez. 2011.

CA, Segunda; TIMBANE, Alexandre António; MANUEL, Israel Mawete Ngola. Práticas pedagógicas versáteis e decoloniais em Angola e na Guiné Bissau: reflexões sobre o ensino. Revista CBTecLE. v. 1, n. 1, p. 298-316, 2020.

COUTO, Hildo Honório do; EMBALÓ, Filomena. Literatura, língua e cultura na Guiné-Bissau: um país da CPLP. Revista Brasileira de Estudos Crioulos e Similares, n. 20, 2010.

FAZZIO, Illa; ZHAN, Zhaoguo. Lacunas de conhecimento nas zonas rurais da Guiné-Bissau. Trad. Vanda Medeiros. S. l.: Effective Intervention, 2011.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio século XXI: o minidicionário da língua portuguesa. 5. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

FERREIRA, Manuel. Dependência e individualidade nas literaturas africanas de língua portuguesa. Revista do Centro de Estudos Portugueses, v. 2, n. 3, p. 39-47, jun. 1980.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GUEYE, M’Baye; BOAHEN, Albert Adu. Iniciativas e resistência africanas na África ocidental, 1880-1914. In: BOAHEN, Albert Adu (Ed.). História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935. 2. ed. rev. Brasília: Unesco, 2010, p. 128-166.

INTIPE, Bernardo Alexandre; TIMBANE, Alexandre António. O papel do kriol nas narrativas guineenses: aspectos sócio-históricos. Revista Coralina. Cidade de Goiás, v. 1, n. 2, p. 36-50, jul. 2019.

LARANJEIRA, José Luís Pires. A poesia de Agostinho Neto como documento histórico: premonição da liderança, projecto de libertação nacional e organização do movimento popular, em 1945-1956. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 2009.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo:Atlas, 2003.

MAZRUI, Ali A. Introdução. In: MAZRUI, Ali A; WONDJI, Christophe. (Eds.). História geral da África, VIII: África desde 1935. 2. ed. rev. Brasília: Unesco, 2010, p. 1-29.

MOSER, Magali. Maria Odete Semedo: Medo da cota é o medo das potencialidades das mulheres. In: Catarinas: jornalismo com perspectiva de gênero. Postado em 01/08/2017, 14:09. Disponível em: https://catarinas.info/maria-odete-semedo-medo-da-cota-e-o-medo-das-potencialidades-das-mulheres/. Acesso em:12 dez. 2021.

NAMONE, Dabana; TIMBANE, Alexandre António. Tensão entre escrita e oralidade no ensino-aprendizagem do português na etnia Balantabrassa (tombali) da Guiné-Bissau. Revista (Entre Parênteses), v. 1, n. 7, 2018.

OLIVEIRA, Adilson Victor. A infância perdida: conflito militar de 07 de junho de 1998 na Guiné-Bissau. Revista África e Africanidades, ano XIII, n. 34, mai. 2020.

PADILHA, Laura Cavalcante. Bordejando a margem (escrita feminina, cânone africano e encenação de diferenças). Revista Scripta, Belo Horizonte, v. 8, n. 15, p. 253-266, 2004.

PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.

RANGER, Terence O. Iniciativas e resistência africanas em face da partilha e da conquista. In: BOAHEN, Albert Adu(Ed). História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935. 2. ed. rev. Brasília: Unesco, 2010, p.51-72.

SANTOS, Ivonete da Silva; TIMBANE, Alexandre António. A memória social como repositório do pluralismo linguístico-cultural no contexto brasileiro. Revista do GELNE, Natal/RN, v. 19, Ed. Especial, p. 63-78, jul./dez. 2017.

SEMEDO, Odete. Entre o ser e o amar. Bissau: Inep, 1996.

SEMEDO, Odete. Sonéá: histórias e passadas que ouvi contar I. Bissau: Inep, 2000.

SEMEDO, Odete. No fundo do canto. Belo Horizonte: Nandyala, 2007.

SILVA, Elen Karla Sousa da. Literatura e representatividade: por uma abordagem antirracista do texto literário. 2021. 55 f. Monografia (Teoria e Prática da Formação do Leitor) p – Unidade Universitária de Porto Alegre, Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2021.

SILVA, Monaliza Rios. A Guiné-Bissau no fundo do canto: o tempo/espaço pós-colonial de Odete Semedo. Cadernos Imbondeiro, João Pessoa, v. 1, n. 1, 2010.

SURET–CANALE, Jean; BOAHEN, Albert Adu. A África ocidental. In: MAZRUI, Ali A; WONDJI, Christophe (Eds.). História geral da África, VIII: África desde 1935. 2. ed. rev. Brasília: Unesco, 2010, p. 191-227.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

UZOIGWE, Godfrey N. Partilha europeia e conquista da África: apanhado geral. In: BOAHEN, Albert Adu (Ed.). História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935. 2. ed. rev. Brasília: Unesco, 2010, p. 22-50.

Publicado
2022-08-29