Textualidade diferida em Libras e os desafios para a apropriação da escrita por alunos surdos dos anos iniciais do ensino fundamental

Palavras-chave: Educação de surdos, Textualidade diferida, Língua Brasileira de Sinais (Libras), Língua matriz e adicional

Resumo

A aquisição, simultaneamente, da língua de sinais e da escrita de uma língua oral, é um processo tenso, muitas vezes resultando em insucesso em sua apropriação por surdos. Nessa direção, este artigo problematiza as concepções educativas do processo de apropriação da escrita da língua portuguesa por alunos surdos nos anos iniciais do ensino fundamental, destacando a importância da textualidade diferida em Libras como pré-requisito. Argumenta-se que a experiência da oralidade da língua matriz, gestuovisual, e sua transposição como registro são essenciais para a compreensão da escrita em uma língua oral. Destacamos que as práticas escolares nos anos iniciais frequentemente negligenciam tais dimensões, específicas do ser surdo, mantendo estruturas de avaliação baseadas em padrões normativos voltados para falantes de línguas maternas orais. Isso é evidenciado na maneira como se percebe a alfabetização em língua portuguesa para crianças surdas, quando, na verdade, para uma língua adicional, deveriam ser considerados outros processos educativos.

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Publicado
2025-01-24