Fahrenheit 451 de François Truffaut
o prazer do fogo e a criminalização dos livros
Resumo
Fahrenheit 451, dirigido por François Truffaut em 1966, produz ainda um efeito tão contemporâneo quanto estranho o suficiente para ser admitido como versão de uma realidade: a reviravolta ética e política pela qual passa a vida de um bombeiro cuja missão é encontrar e queimar livros, como forma de defesa de uma ordem familiar e social. Ficção distópica, já derivada do livro homônimo de Ray Bradbury de 1953, que coloca para nosso tempo algumas perguntas inevitáveis: a que tipo de poderes responde a criminalização dos livros, especialmente quando se trata de livros de literatura e filosofia? O que é possível encontrar nos livros filosóficos e literários digno de admiração e temor ao mesmo tempo? Livros que representam não apenas um artefato cultural, mas a matéria a partir da qual o passado responde ao presente, a imaginação à ação, o pensamento à revolta: contra as mais variadas formas de fascismo vigentes. São alguns das questões que este ensaio pretende enfrentar.