Um diálogo entre Glauber Rocha e Georges Didi-Huberman
Resumo
Partindo da maneira pela qual o curador Georges Didi-Huberman agenciou a cena de lamentação pela morte de um camponês no filme do realizador brasileiro Terra em Transe (1967) exposição Nouvelles histoires de fantômes (2014), este artigo pretende discutir a forma como esta cena foi articulada em um esquema lamentação/levante. O modelo é aquele de O Encouraçado Potenkim de Serguei Eisenstein no qual à morte do marinheiro segue-se uma revolta popular. Pretende-se mostrar que o esquema proposto por Didi-Huberman, caso a cena seja contextualizada na economia dramática do filme, não funciona, pois ela se insere em um contexto muito mais complexo no qual o realizador Glauber Rocha pretende discutir os impasses da esquerda do Brasil e na America Latina nos anos 1960. Por fim, sustenta-se que a cena da lamentação no filme pode ser entendida dentro de uma concepção maior presente nos filmes de Glauber Rocha de um “Cristo do Terceiro Mundo”.Downloads
Referências
DIDI-HUBERMAN, Georges. Que emoção! Que emoção? Trad. Cecília Ciscato. São Paulo: 34
BERBARA, Maria (org.). Renascimento italiano: ensaios e traduções. Rio de Janeiro: NAU, 2010
AMENGUAL, Barthélemy. Glauber Rocha ou les chemins de la liberté. In: “Études cinematografiques” n. 97/98/99, Paris, 1973
VALENTINETTI, Claudio. Glauber: um olhar europeu. São Paulo: Instituto Lina Bo Bardi, 2002.
XAVIER, Ismail. Alegorias do subdesenvolvimento: cinema novo, tropicalismo, cinema marginal. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
TRAVERSO, Enzo. Mélancolie de gauche: la force d’une tradition caché (XIXe.-XXIe. siècle). Paris: La Découverte, 2016.
Copyright (c) 2019 Artefilosofia
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores/as mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ que permite o compartilhamento do trabalho, com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores/as têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.