SIM, EU ACEITO!
Conjugalidade, casamento e organização familiar negra durante o regime escravista no Brasil
Resumo
Neste artigo procuro discutir as relações de conjugalidade, o casamento e a organização familiar da população negra no Brasil, durante o regime escravista. Minha intenção é questionar visões estereotipadas que destacam a suposta promiscuidade e a inexistência de laços familiares entre a população negra durante o regime escravista. Argumento que essa visão emerge da imposição de um modelo único e patriarcal de família, onde a figura masculina é tratada como o centro do poder. Essa situação contribui para que outras formas de conjugalidade sejam desconsideradas, como por exemplo, as famílias matrifocais, a bi e a poligamia. Para fazer meu debate adoto uma postura genealógica e lanço um olhar crítico à história tradicional. Utilizo o conceito de interseccionalidade por entender que possibilita o revezamento entre diversas áreas do conhecimento, como os estudos das relações étnico-raciais, os estudos culturais, de gênero e diversidade sexual, aliadas a perspectiva pós-estruturalista e pós-colonial. Para dar mais consistência às minhas reflexões, faço ainda, a análise de três imagens por entender que a linguagem visual também pode ser discursiva ultrapassando os limites de leituras estéticas.
Downloads
Referências
ALMEIDA, Carlos José Duarte. A representação do africano na literatura missionária sobre o Reino do Kongo e Angola. 1997. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 1997.
BENELLI, Anderson. Reflexões sobre a abordagem triangular. Disponível em: < http://andersonbenelli.blogspot.com.br/2011/02/reflexoes-sobre-abordagem-triangular.html>. Acesso em 24 dez. 2017.
DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e histórica ao Brasil. São Paulo: Círculo do Livro, 1984.
DUSSEL, Inés; CARUSO, Marcelo. A invenção da sala de aula: uma genealogia das formas de ensinar. São Paulo: Moderna, 2003; p. 103 – 156.
FERNANDES, Edson. Família escrava numa boca do sertão. Lençóes, 1860-1888. Revista de História Regional, 8(1) p. 9-30, 2003. Disponível em: <http://www.revistas2.uepg.br/index.php/rhr/article/viewFile/2166/1646>. Acesso em: 19/02/2012.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1975.
FRANCO NETTO, Fernando. Famílias escravas nos Campos Gerais do Paraná. In: Laboratório de História Social do Trabalho da Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.labhstc.ufsc.br/ivencontro/pdfs/comunicacoes/FernandoFrancoNeto.pdf>. Acesso em: 15/07/2011.
HARAWAY, Donna. Ruth Frankenberg: a socióloga cujo trabalho na raça ajudou a definir um novo campo de estudos ‘brancura’. Jornal The Guardian, 8 jul. 2007. Disponível em: <http://www.theguardian.com/news/2007/jul/09/guardianobituaries.obituaries3>. Acesso em: 25 out. 2015.
HILL, Marcos César de Senna. Quem são os mulatos? Sua imagem na pintura modernista brasileira entre 1916 e 1964. Tese (Doutorado em Artes). Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, 2008.
LOURO, Guacira Lopes. Heteronormatividade e homofobia. In: JUNQUEIRA, Rogério Diniz (Org.). Diversidade sexual na educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas. Brasília, DF: MEC/Unesco, 2009, p. 85-93.
MACEDO, José Rivair. Jagas, Canibalismo e “Guerra Preta”: os Mbangalas, entre o mito europeu e as realidades sociais da África Central do século XVII. Revista História (São Paulo), v.32, n.1, p. 53-78, jan/jun 2013. ISSN 1980-4369
MANGUEL, Alberto. Lendo imagens. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
MATTOS, Hebe Maria. A face negra da abolição. Revista Nossa História, São Paulo, n. 19, p. 16-20, mai. 2005.
MOURA, Carlos Eugênio Marcondes. A travessia da Calunga Grande: três séculos de imagens sobre o Negro no Brasil (1637 – 1899). São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2000.
NASCIMENTO, Claudia Bibas do. A presença negra na Lapa. Laboratório de História Social do Trabalho da Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.labhstc.ufsc.br/pdf2007/17.17.pdf>. Acesso em: 25/04/2011.
OYĚWÙMÍ, Oyèrónké. Conceituando o gênero: os fundamentos eurocêntricos dos conceitos feministas e o desafio das epistemologias africanas. CODESRIA Gender Series, Dakar, v. 1, p. 1-8, 2004.
PARDO, Teresinha Regina Busetti. Das relações familiares dos escravos no Paraná do século XIX. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal do Paraná, 1993.
SAMARA, Eni de Mesquita. A família negra no Brasil. 2011. História, São Paulo, 120, p.27-44, jan/jul. 1989. Disponível em: <http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/rh/n120/a02n120.pdf>. Acesso em: 19/09/2011.
SANSONE, Lívio. Da África ao afro: uso e abuso da África entre os intelectuais e na cultura popular brasileira durante o século XX. Disponível em: <http://www.afroasia.ufba.br/pdf/27_5_daafrica.pdf> . Acesso em 20/12/2011.
SANTOS, Jocélio Teles dos. Incorrigíveis, afeminados, desenfreados: indumentária e travestismo na Bahia do século XIX. Revista de Antropologia, v.40, n.2, São Paulo, 1997. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sciarttext&pid=S0034->. Acesso em: 10/09/2011.
SLENE, Robert W. Lares negros, olhares brancos: histórias da família escrava no século XIX. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 8, n. 16, p. 189-203, mar/ago 1988. Disponível em: . Acesso em: 19/09/2011.
SLENES, Robert W.; FARIA, Sheila de Castro. Família escrava e trabalho. Revista Tempo. Rio de Janeiro, vol. 3, n. 6, dez 1998. Disponível em: <http://www.historia.uff.br/tempo/artigos_dossie/artg6-4.pdf>. Acesso em: 19/09/2011.
PENA, Eduardo Spiller. O jogo da face: a astúcia escrava frente aos senhores e à lei na Curitiba provincial. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal do Paraná, 1990.
VALLE, Arthur... [et al]. Oitocentos – Tomo IV: o ateliê do artista. Rio de Janeiro: CEFET/RJ, 2017. II.
VIGOYA, Mara Viveros. La interseccionalidad: una aproximación situada a la dominación. Debate Feminista, v. 52, p. 1 -17, out., 2016. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0188947816300603>. Acesso em 24 jan. 2017.
WEBER, Silvio Adriano. Ecravidão e irmandade negra nos Campos Gerais de Curitiba (1797 – 1850). Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em História) Unoversidade Federal do Paraná, 2005.
Copyright (c) 2020 Artefilosofia
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores/as mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ que permite o compartilhamento do trabalho, com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores/as têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.