Clarice Lispector e Henri Bergson
Linguagem, literatura e duração.
Resumo
O artigo propõe uma aproximação entre a escritora Clarice Lispector e o filósofo Henri Bergson em torno dos seguintes temas: o tempo como duração e os modos de acesso ao real por meio da intuição, da memória e das emoções. Para isso, abordaremos diversos textos de Clarice e de Bergson, elegendo como disparador central desta análise o conto de Clarice “Miopia progressiva”, presente na coletânea Felicidade clandestina. Trata-se de investigar se, em vez de uma deficiência do olhar, a miopia progressiva pode ser compreendida como uma percepção convergente com a intuição, a memória e as emoções. A filosofia de Bergson favorece o aprofundamento na experiência que a leitura do conto de Clarice mobiliza, e este por sua vez acena a ideias filosóficas que não se limitam ao plano conceitual e, por essa razão, são diversas vezes apresentadas pelo filósofo por meio de metáforas — destacadamente metáforas literárias. O encontro entre a literatura de Clarice e a filosofia de Bergson propicia uma rica oportunidade para pensarmos a relação entre intuição, memória, emoções e inteligência na atividade criadora voltada à linguagem.
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Referências
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