Nietzsche e a interpretação cética de Platão
Resumo
Este artigo discute duas teses sobre Platão presentes no conjunto de preleções sobre o filósofo ateniense que Nietzsche ofereceu na Universidade da Basileia nos anos 70. A primeira tese diz respeito ao aspecto doutrinário da filosofia de Platão: Nietzsche sustenta, apoiando-se em Aristóteles, que Platão foi inicialmente levado a uma forma de ceticismo metafisicamente motivado como consequência de sua adesão à interpretação cratiliana de Heráclito. Embora a descoberta do método socrático de fixação de conceitos e sua contrapartida metafísica, a teoria das Ideias, tenha permitido a Platão superar esta forma de ceticismo metafisicamente motivado, Nietzsche irá argumentar que esta superação foi apenas provisória caso tenhamos que acatar a autenticidade do Parmênides, pois este diálogo mostra que os argumentos a favor e contra a teoria das Ideias levam à indecidibilidade. A segunda tese defendida por Nietzsche ao longo de suas preleções diz respeito à personalidade filosófica de Platão, que é identificada às figuras do legislador e do reformador político. A segunda tese prevalece sobre a primeira, pois segundo Nietzsche todos os compromissos filosóficos de Platão devem ser interpretados à luz de seu projeto de reforma política.
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