Iconologia, Alegorismo Medieval e o conceito de habitus na obra de E. Panofsky

  • Liszt Vianna Neto
Palavras-chave: História da Arte, Historiografia, Panofsky

Resumo

Este trabalho abrange o conceito de habitus segundo a obra Arquitetura Gótica e Escolástica de Erwin Panofsky, visando o seu distanciamento das historiografias passadas – como a de Wölfflin, Riegl, Warburg ou Cassirer –, os debates que os trabalhos de Panofsky produziram, e a influência que sua teoria e metodologia exerceram sobre autores das mais diversas áreas através desse conceito. Tal influência faria com que o conceito fosse reapropriado por autores como Gombrich, Eco, Bourdieu e Chartier. Os dois últimos, especialmente, reconheceram no habitus a superação, por Panofsky, de suas críticas à obra de Wölfflin e Riegl: a superação do positivismo e do formalismo, assim como o abandono da procura pelo precursor, da idéia de uma capacidade e liberdade da invenção individual, da abordagem psicológica do gênio e seu distanciamento da “História do Espírito”. Apesar de se mostrar uma eficaz solução teórica a muitas questões históricas abertas até então (algumas comuns também à escola dos Annales), foi dedicada a esse conceito muita pouca atenção por parte de historiadores e teóricos. Na maioria das vezes, estes se voltam apenas para seu renomado método Iconológico, ou para as “formas simbólicas”. Contudo, há no conceito de habitus e na Iconologia uma gênese historiográfica muito próxima. Ambos surgem do interesse de Panofsky pelo fenômeno gótico, pela escolástica – especialmente por Aquino e Suger – e pelo Alegorismo sagrado. O Alegorismo – a concepção medieval de se revelar sentidos trinos em textos e imagens – é a base na qual Panofsky concebeu seu método tripartite de investigação do significado artístico: a Iconologia. Do mesmo modo, a formulação do habitus e de sua renomada tese em Arquitetura Gótica e Escolástica tem uma base escolástica em comum com o próprio Alegorismo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ART MUSEUM, THE. Symbols in transformation, Iconographic Themes at the Time of the Reformation. An Exhibition of Prints in Memory of Erwin Panofsky. Princeton University, March 15-April 13, 1969.

BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva,1974.

BOUDIEU, P. O poder simbólico. São Paulo: Bertrand Brasil, 2007.

CAMPOS, J. L. de. Do simbólico ao virtual. São Paulo: Perspectiva, Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro,1990.

CASSIRER, E. A filosofia das formas simbólicas. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

CHARTIER, R. A história cultural: entre práticas e representações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,1990.

CHASTEL, A. (Ed.). Pour um temps–Erwin Panofsky. Centre George Pompidou. Paris: Pandora Editions,1983.

ECO, H. Obra aberta: forma e indeterminação nas poéticas contemporâneas. São Paulo: Perspectiva, 2003.

FERRETTI, S. Cassirer, Panofsky e Warburg : symbol, art and history. New Haven, London: Yale University Press, 1989.

FRAGENBERG,T. Posfácio de Arquitetúra Gótica e Escolástica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

GINZBURG, C. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. Trad. Federico Carotti. São Paulo: Companhiadas Letras, 1989.

GOMBRICH. E. H. Arte e ilusão: um estudo da psicologia da representação pictórica. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007.

GOMBRICH, E.H. The Essential Gombrich. London:Phaidon,1996.

GOMBRICH, E.H. Norma e Forma. São Paulo:Martins Fontes,1990.

GOMBRICH, E.H. Sense of Order. Ithaca and London: Cornell University Press,1984.

GOMBRICH, E.H. Aby Warburg: an intellectual biography,with memoiron the historyof the library by F. Saxl. Oxford: Phaidon,1986.

HEIDT, R. Erwin Panofsky, Kunst theorie und Einzelwerk. Köln, Wien: Böhlau Verlag, 1977.

HOLLY, M. A. Panofsky and the foundations of art history. Ithaca, New York: Cornell University Press, 1984.

HOLSINGER, B. The Pre-modern Condition: Medievalism and the Making of Theory. Chicago: University of Chicago Press, 2005. (Critic Review by MCINERNEY, Maud Burnett). Disponível em: <http://www.brynmawr.edu/bmrcl/Winter2007/Premodern.htm>. Acesso em: 31jan. 2011.

LAVIN,I. (Ed.).Meaning in the Visual Arts: views from the outside. A Centenial Commemoration of Erwin Panofsky (1892-1968). Institute for Advanced Study. Princeton: 1995.

MEISS, M. (Ed.). De Artibus Opuscula XL, Essays in Honor of Panofsky. New York: New York University Pressa, 1961.

PANOFSKY, E., NORTHCOTT, K. J., SNYDER, J. The Concept of Artistic Volition. Critical Inquiry, Chicago,v. 8, n. 1, p. 17-33, Autumn 1981.

PANOFSKY, E. Estudos em Iconologia: temas humanistas na arte do Renascimento. Trad. Olinda Braga de Sousa. Lisboa: Estampa, 1986.

PANOFSKY, E. Idea: a evolução do conceito de belo. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

PANOFSKY, E. Arquitetura Gótica e Escolástica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

PANOFSKY, E. Der Begriff des Kunstwollen. Aufsätze zu Grundfragen der Kunstwissenschaft. Berlin: Hessling, 1964.

PANOFSKY, E. A perspectiva como forma simbólica. Lisboa: Edições 70, 1993.

PANOFSKY, E. La prospectiva come “forma simbolica” e altri escritti. Feltrinelli, 1966.

PANOFSKY, E. Significado nas Artes Visuais. São Paulo: Perspectiva, 2009.

PANOFSKY, E. Sobre el Estilo, tres ensayos inéditos. Barcelona, Buenos Aires, México: Paidós, 1995.

PANOFSKY, E. Renaissance and Renascences in Western Art. NewYork and Evaston: Harper & Row Publishers, Harper Torchbooks, 1969.

PANOFSKY, E. Abbot Sugger on the Abbey Church of St.-Denis and its art treasures. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1946.

PANOFSKY, E. Hercules am Scheidewege und andere Antike Bildstoffe inderneueren Kunst. Berlin, Leipzig: B. G. Teubner, 1930.

PANOFSKY, E. Siegfried Kracauer–Erwin Panofsky Briefwechsel 1941-1966. Miteinem Anhang: Siegfried Kracauer “under the spell of the living WarburgTradition”. Berlin: Akademie Verlag, 1996.

PANOFSKY, E. Aussätze zu Grundfragen der Kunstwissenschaft. Berlin: Verlag Bruno Hessling, 1974.

PANOFSKY, E. Early Netherlandish Painting, its origins and character. NewYork, Hagerstown, San Francisco, London: Icon Editions, Harper & Row Publishers, 1971.

PANOFSKY, E. Idea: a evolução do conceito de belo. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

PANOFSKY, E. A caixa de Pandora: as transformações de um símbolo mítico. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

PANOFSKY, E. Arquitetura Gótica e Escolástica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

RIEGL, A. Problems of Style, foundations for a history of ornament. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1992.

PANOFSKY, E. Spätrömische Kunstindustrie. Berlin: Gebr. Mann Verlag, 2000.

VEYNE,P. História: novos objetos, novos métodos, novas abordagens. Brasília: UnB, 1982.

VIANNA NETO, L. O conceito de habitus em Erwin Panofsky: Teoria e metodologia da história da arte na primeira metade do século XX.

WAAL, H. de. In memoriam Erwin Panofsky, March 30, 1892–March 14, 1968. Amsterdam, Londen:B.V. Noord-Hollandsche Uitgevers Maatschappij,1972.

WARBURG, A. Homenagem à Mnemosyne. Göttingen: Gratia Verlag, 1979.

WARBURG, A. The renewal of pagan antiquity: contributions to the cultural history of the European Renaissance. Los Angeles, California: The Getty Research Institute for the History of Artand the Humanities,1999.

WASCHEK, M. (Ed.). Relire Panofsky: Cycle De Conférences Organisé Au Musée Du Louvre Par Le Service Culturel Du 19 Novembre Au 17 Décembre 2001. Paris: Musée du Louvre, 2008.

WEHLING, A. Fundamentos e virtualidades da epistemologia da história: algumas questões. Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/102.pdf>. Acesso em: 30 jan.2011.

WOOD, C. S. Introdução. In: Panofsky, Erwin. A perspectiva como forma simbólica. Lisboa: Edições 70, 1993.

WÖLFFLIN, H. A Arte Clássica. São Paulo: Martins Fontes, 1990.

WÖLFFLIN, H. Classic art: an introduction to the Italian Renaissance. 8. ed. Ithaca: Cornell University Press, 1952.

WÖLFFLIN, H. Conceitos fundamentais da História da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

WÖLFFLIN, H. Principles of Art History: the problem of the development of style in later art. New York: Dover Publications,1932.

WUTTKE,D. (Ed.).Erwin Panofsky, Korrespondenz.Wiesbaden, Harrassowitz, 2001-2011.

Publicado
2017-04-20
Seção
Filosofia e história da arte