Arthur Bispo do Rosário:
a arte de “enlouquecer” os signos
Resumo
O ensaio analisa a obra de Arthur Bispo do Rosário do ponto de vista de sua relação com a história da arte (e da teoria estética) do século XX. O texto observa que desde a “descoberta” da obra de Bispo até hoje predominou a comemoração de seu “gênio” e a comparação de sua obra com a de artistas como Duchamp, Arman, César ou Andy Warhol. Se esta atitude da crítica é justifi cável como parte do processo típico de canonização de artistas – sobretudo levando-se em conta a origem quatro vezes marginal de Bispo (negro, “louco” e pobre, além de pertencente ao “terceiro mundo”) –, por outro lado, esta atitude tem impedido uma aproximação de suas obras que fi cam como que “encobertas” pelas obras dos clássicos da modernidade. O texto propõe um duplo movimento para se entender a importância da obra de Rosário: primeiro é essencial se entender o que ocorreu com o romantismo e sua entronização de uma subjetividade complexa (que inclui uma certa dose de “loucura”) que passou a ser encenada pelo artista ou escritor. Em um segundo momento, ele propõe que devemos aprender a nos distanciar deste clichê romântico para podermos observar as obras de arte de Bispo como genuínas manifestações de novas tendências nas artes plásticas que se desenvolveram sobretudo a partir da metade do século XX.
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Referências
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