A memória poética das mulheres na diáspora africana
descarnar o passado para iluminar o presente em Memórias Aparições Arritmias, de Yara Nakahanda Monteiro
Resumo
Investigando a temporalidade fantasmagórica que assombra nosso contemporâneo através das categorias da pós-memória (HIRSCH, 1997) e da memória multidirecional (ROTHBERG, 2009), o presente artigo visa aplicar o conceito de “memória poética” na análise da recente produção poética da comunidade afrodescendente em Portugal e, em particular, da poesia produzida por mulheres na diáspora africana. Seguindo uma antiga tradição de luta e resistência de mulheres africanas ao colonialismo português, a memória das mulheres negras em Portugal torna-se uma contra-história que combate as heranças coloniais no presente, tentando criar uma memória cultural, plural e coletiva da comunidade afrodiscendente no país. O livro Memórias Aparições Arritmias, de Yara Nakahanda Monteiro, insere-se nessa tradição feminina de combate e exemplifica as questões críticas e teóricas em jogo através da prática poética de relembrar o passado para criar uma memória partilhável que ilumine o presente e o futuro de uma inteira geração.
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