Cortes de Lisboa, Independência do Brasil e recolonização
breve contribuição para o estudo do surgimento de uma verdade histórica
Resumen
Este artigo busca contribuir para o entendimento da formação de uma categoria historiográfica, de uma verdade e de uma explicação históricas, que compõem parte importante de uma cultura de história nacional brasileira. Trata-se da ideia de que as Cortes de Lisboa teriam sido uma das principais causas da Independência do Brasil, na medida em que deputados de Portugal teriam planejado e executado medidas que buscavam recolonizá-lo. A primeira parte do artigo revisou pesquisas que tematizaram a formação de referida ideia. Na segunda parte, apresentaram-se análises de um panfleto político publicado na Bahia em fins de 1822 e um jornal publicado em Pernambuco no início de 1823, a partir de uma abordagem da História Conceitual, baseada em uma historicização dos modos a partir dos quais atores políticos do passado conceitualizavam a realidade histórica e agiam sobre ela. A terceira parte concluiu que é inadequado interpretar a operação de José da Silva Lisboa relativa à recolonização como uma “invenção historiográfica” — como o fez parte da historiografia sobre o tema, mas como a fixação de um sentido específico a uma experiência e a uma noção políticas então polissêmicas. Além disso, apontamos limites do uso de brasileiro como uma categoria historiográfica para a análise do surgimento de noções relativas à recolonização. A politização de identidades brasileiras, articuladas a
experiências de guerras revolucionárias no Norte, parecem ter contribuído para a conceitualização das Cortes de Lisboa como causa da Independência do Brasil e para o surgimento do topos voltar a ser colônia.
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