Os males da mente: a assistência aos alienados no Brasil da Primeira República
Resumo
O panorama historiográfico nacional engendrado pelas obras pioneiras de Foucault acerca da "História da Loucura (1961)" e "O Nascimento da Clínica (1963)" foi oportuno para abrir, ainda nos anos 80, um novo campo de análise voltado para o estudo das instituições psiquiátricas. Nas primeiras décadas do século XX, a maioria das cidades brasileiras em desenvolvimento urbano passavam pela higienização e pelo ordenamento social. Em nome da civilização, várias medidas foram tomadas, informadas pelos “Códigos de Posturas Municipais”, para limpar as cidades dos indesejáveis, estes que se constituíam numa classe nomeada como “loucos”. Tal classe comportava andarilhos, prostitutas, bêbados, velhos abandonados, imigrantes sem emprego e desprivilegiados de toda ordem. Assim, o surgimento das instituições de tratamento mental se deu a partir da iniciativa de médicos organicistas em almejar ao poder público um lugar para os loucos que se encontravam à mercê da própria sorte. O objetivo desse trabalho circunda o pensar a disciplina dos corpos em meio a uma sociedade que cobiçava os ideais modernistas vigentes no período da Primeira República, tendo como principal fonte o artigo Ques os melhores meios de assistência aos alienados?, submetido ao Quarto Congresso Medico Latino Americano em 1909, e escrito pelo médico psiquiatra e então diretor do Hospício Nacional de Alienados, Juliano Moreira.