POR QUE SE RESISTE À RESISTÊNCIA? NOTAS SOBRE SEXISMO, RACISMO E LGBTFOBIA NO SINDICALISMO A PARTIR DA PERSPECTIVA DE “FURA-GREVES”

  • Flávio Malta Fleury Universidade Federal de Minas Gerais
  • Pedro Augusto Gravatá Nicoli Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo

Este artigo busca complexificar a compreensão tradicional da vontade de algumas trabalhadoras e alguns trabalhadores de não aderirem a movimentos grevistas, escapando às estigmatizações generalizantes para questionar se o ato de furar greve pode ou não ser concebido, em algumas circunstâncias e cenários específicos, como uma estratégia de resistência passível de utilização por trabalhadoras mulheres, além de trabalhadoras e trabalhadores negras, negros, gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, voltada ao enfrentamento do sexismo, do racismo e da LGBTfobia existentes no movimento sindical, no mundo do trabalho e em outras dimensões da vida humana, e se, consequentemente, pode ou não ser compreendido como um apelo à recomposição, à rearticulação e ao fortalecimento da ação coletiva operária e dos sindicatos a partir do reconhecimento da importância de seu engajamento no combate a modalidades de opressão e discriminação reproduzidas em diferentes dimensões sociais.

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Biografia do Autor

Flávio Malta Fleury, Universidade Federal de Minas Gerais
Mestrando em Direito e Justiça pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Bacharel em Direito pela Universidade de Brasília (UnB).
Pedro Augusto Gravatá Nicoli, Universidade Federal de Minas Gerais
Professor Adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Membro do corpo permanente de professoras e professores do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFMG. Doutor, Mestre e Bacharel em Direito pela UFMG. Concluiu Pós-Doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em Direito da UFMG, com bolsa CAPES/PNPD.

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Publicado
2018-07-31
Como Citar
MALTA FLEURY, F.; GRAVATÁ NICOLI, P. A. POR QUE SE RESISTE À RESISTÊNCIA? NOTAS SOBRE SEXISMO, RACISMO E LGBTFOBIA NO SINDICALISMO A PARTIR DA PERSPECTIVA DE “FURA-GREVES”. Libertas: Revista de Pesquisa em Direito, v. 4, n. 1, 31 jul. 2018.
Seção
Doutrina Nacional