Figuração e Negritude:

a Arte e o Outro como Ficção

  • Marco Antonio Vieira Universidade Federal de Uberlândia
Palavras-chave: Carl Einstein, Figura, Ficção, Africanidades, Teoria e História da Arte

Resumo

Em Negerplastik, Carl Einstein demonstra a falibilidade da pretensa superioridade da Arte Europeia em relação à Arte Africana, a partir do desmonte da lógica a presidir ao modelo pictórico ocidental da idade clássica ao contrastá-lo à plasticidade escultórica africana. A Arte Ocidental ampara-se em uma arquitetura figural calcada no modelo naturalista cuja potência persuasiva repousa sobre a possibilidade de converter suas narrativas em ficções suficientemente críveis cujo efeito retórico assentou o ‘negro’ como ‘figura’  fabricada pela História e suas estruturas fictícias e imagéticas. Nosso texto propõe a raspagem desta paisagem figural no intuito de compreender como o negro se o pode reinventar a partir da poiesis artística contemporânea. Ao analisar obras de três artistas negros contemporâneos brasileiros, a saber, Rosana Paulino, Dalton Paulo e Antônio Obá, este artigo se ampara nas noções de figura e ficção, como se as estabelecem em alguns marcos textuais da História da Arte e da Teoria da História.

 

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Biografia do Autor

Marco Antonio Vieira, Universidade Federal de Uberlândia
Doutor em Teoria e História da Arte e Mestre em Teoria Literária. Curador independente desde 2007, com exposições de artistas como Rubem Valentim, Athos Bulcão e Vik Muniz. Professor Substituto da Graduação em Artes Visuais, na área de Teoria e História da Arte, da Universidade Federal de Uberlândia, desde abril de 2019.

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Publicado
2020-04-30
Seção
Dossiê Material Musical