Sobre a "superação" da distinção corpo e alma e suas implicações para a arte - uma perspectiva heideggeriana

  • Eliana Henriques Moreira UFT-Universidade Federal do Tocantins
Palavras-chave: corpo, alma, superação, arte, existência

Resumo

Neste trabalho objetivamos discutir a ideia de desconstrução da concepção tradicional do ser humano, esta que o considera como um composto de corpo (responsável por tudo que se refere aos sentidos) e alma (ou razão, responsável pelo intelecto), de modo a trazer as implicações desta questão na leitura filosófica da arte. Para tal, partimos da perspectiva aberta pelo filósofo Martin Heidegger, para quem o modo de considerar o homem como este composto, precisa ser repensado. Não é que esta interpretação esteja errada, porém, ela cristalizou-se de tal modo que não mais se discute o que é o humano enquanto tal, parte-se sempre desses pressupostos, não se questionando a base desses fundamentos, o que culminou, na modernidade, com a banalização da vigência de uma noção de razão/intelecto e de corpo/sentidos, que não dão conta de abordar de modo mais amplo a singularidade desse ente em seu ser, e tem uma implicação direta no modo de tratar a arte, vista desde esse horizonte como um objeto agradável aos sentidos humanos. A ideia de uma “superação” da distinção corpo e alma em Heidegger não significa dizer que se trata de superar no sentido de sobrepujar ou passar por cima deste modo de entender o humano. A “superação” aqui remete ao sentido de um perpassamento dessas noções, de modo a retomar uma discussão do modo de ser do humano desde seus fundamentos, para possibilitar um outro olhar para o humano enquanto tal, tentar vê-lo a partir do que se mostra, não se pautando por conceitos prévios, que é o sentido mesmo da fenomenologia hermenêutica de Heidegger.

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Publicado
2020-12-24
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