Música e cosmovisão

Defesa de uma perspectiva historicista e do construtivismo regulado

  • Adriano Kurle Universidade Federal de Mato Grosso

Resumo

Este artigo visa sustentar duas hipóteses: a primeira, que as práticas e composições musicais de uma cultura incluem sob si a cosmovisão da cultura que a gera. A segunda, de que, diante de outras possíveis cosmovisões, a concepção histórico-construtivista regulada é a que melhor abarca a diversidade cultural de cosmovisões. Apresento primeiro uma breve descrição das tipificações das concepções de cosmovisão musical, que se dividem (por meio de simplificação) em cinco: primeiro, os três tipos miméticos, que são o animismo, o realismo metafísico e o realismo naturalista; segundo, os tipos expressionistas, a saber, o construtivismo contingente e o construtivismo regulado. Depois, entramos na discussão mais específica, em que apresento (2) o problema da relação natureza-percepção, a partir de breve discussão da identidade de oitava e da relação consonância-dissonância; (3) uma análise crítica das cosmovisões realistas e miméticas da música; (4) uma abordagem da cosmovisão do construtivismo historicista; (5) uma defesa do historicismo construtivista regulado. Concluo defendo a concepção construtivista-historicista como mais aberta à adaptação e à evolução musical.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ADORNO, T. W. Filosofia da Nova Música. Tradução de Magda França. São Paulo: Editora Perspectiva, 1974.

ADORNO, T. W. Philosophie der neuen Musik. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1978.

ALLEN, M. Pythagoras in the Early Renaissance. In: HUFFMAN, Carl A. (Org.). A History of Pythagoreanism. Cambridge: Cambridge University Press, 2014, p. 435-453.

BARKER, A. Pythagorean Harmonics. In: HUFFMAN, Carl A. A History of Pythagoreanism. Cambridge: Cambridge University Press, 2014, p. 185–203. Doi: 10.1017/CBO9781139028172.010

BERTINETTO, A.; BERTRAM, G. W. We Make Up the Rules as We Go Along: Improvisation as an Essential Aspect of Human Practices? Open Philosophy, vol. 3, no. 1, 2020, p. 202–221. Doi: 10.1515/opphil-2020-0012

BERTRAM, G. W. Kunst: Eine philosophische Einführung. Stuttgart: Reclam, 2005.

BERTRAM, G. W. Kunst als menschliches Praxis: Eine Ästhetik. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 2014.

BENSUSAN, Hilan. Linhas de Animismo Futuro. Brasília: IEB Mil Folhas, 2017.

BLASIUS, L. Mapping the Terrain. In: CHRISTENSEN, Thomas (Org.). The Cambridge History of Western Music Theory. The Cambridge History of Music. Cambridge: Cambridge University Press, 2002, p. 25–45. Doi:10.1017/CHOL9780521623711.003

BURKHOLDER, J. P.; GROUT, D. J.; PALISCA, C. V. A History of Western Music. Nova Iorque/Londres: W. W. Norton & Company, 2014.

CANDÉ, R. De. História Universal da Música. Volume 1. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

CARTWRIGHT, J.H.E., GONZÁLEZ, D.L.; PIRO, O. Dynamical Systems, Celestial Mechanics, and Music: Pythagoras Revisited. Mathematical Intelligencer, v. 43, 25–39 (2021). https://doi.org/10.1007/s00283-020-10025-x

CHRISTENSEN, T. Introduction. In: CHRISTENSEN, Thomas (Org.). The Cambridge History of Western Music Theory. The Cambridge History of Music. Cambridge: Cambridge University Press, 2002, p. 1–24. Doi: 10.1017/CHOL9780521623711.002

CHRISTENSEN, T. Rameau and Musical Thought in the Enlightenment. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.

COOK, N. Epistemologies of Music Theory. In: CHRISTENSEN, Thomas (Org.). The Cambridge History of Western Music Theory. The Cambridge History of Music. Cambridge: Cambridge University Press, 2002, p. 78–106 Doi:10.1017/CHOL9780521623711.005.

DESCOLA, P. Beyond Nature and Culture, Proceedings of the British Academy, volume 139, p. 137-155, 2007. Doi: 10.5871/bacad/9780197263945.003.0006

DESCOLA, P. Além de natureza e cultura. Tradução de Bruno Ribeiro. Tessituras, Pelotas, v. 3, n. 1, p. 7-33, jan./jun. 2015. DOI: https://doi.org/10.15210/tes.v3i1.5620

FORTES, F. P. O Melhor Dos Temperamentos Possíveis: A Música Speculativa De Leibniz. Revista Dissertatio de Filosofia, 56, p. 19-44, 2022. https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/dissertatio/article/view/21301

GROUT, D. J.; PALISCA, C. V. História da Música Ocidental. Tradução de Ana Luísa Faria. Lisboa: Gradiva, 2007.

HARVEY, Graham. Animism: Respecting the living world. Nova Iorque: Columbia University Press, 2006.

HEADINGTON, Christopher. A History of Western Music. Fragmore, St. Albans, Hertz: Triad/Paladin Books, 1977.

HEGEL, G. W. F. A Ciência da Lógica. Volume 3: A doutrina do conceito. Tradução de Christian Iber e Federico Orsini. Petrópolis/Bragança Paulista: Editora Bozes/ Editora Universitária São Francisco, 2018.

HEGEL, G. W. F. Cursos de Estética. Volumes I-IV. Tradução de Marco Aurélio Werle e Oliver Tolle. São Paulo: EDUSP, 2000-2004.

HEGEL, G. W. F. Enciclopédia das Ciências Filosóficas em compêndio: 1830: Volume I: A ciência da lógica. Tradução de José Machado e Paulo Meneses. São Paulo: Loyola, 1995

HEGEL, G. W. F. Enciclopédia das Ciências Filosóficas em compêndio: 1830: Volume III: A Filosofia do Espírito. Tradução de José Machado e Paulo Meneses. São Paulo: Loyola, 1995.

HEGEL, G. W. F. Fenomenologia do Espírito. 2ª edição. Tradução de Paulo Meneses. Petrópolis, RJ: Editora VOzes/Universidade São Francisco, 2003.

HEGEL, G.W.F. Gesammelte Werke. In Verbindung mit der Deutschen Forschungsgemeinschaft herausgegeben von der Nordrhein-Westfälischen Akademie der Wissenschaften und der Künste. Hamburg: Felix Meiner, 1968ff.

HEGEL, G. W. F. Werke 10: Enzyklopädie der philosophischen Wissenschaften im Grundrisse: 1830, Dritter Teil: Die Philosophie des Geistes, mit den mündlichen Zusätzen. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1986.

HEGEL, G. W. F. Werke 13-15: Vorlesungen über die Ästhetik I-III. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1989-1990.

HENRIQUE, L. L. Acústica Musical. Lisboa: FCG, 2002.

HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. W. Dialektik der Aufklärung: Philosophische Fragmente. In: ADORNO, T. W. Gesammelte Schriften, volume 3. Organizado por Rolf Tiedemann. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 2003.

HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. W. Dialética do Esclarecimento: Fragmentos filosóficos. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

JAEGER, Werner. Paideia: A formação do homem grego. Tradução de Artur M. Parreira. São Paulo: Martins Fontes, 2013.

KANT, I. Crítica da Faculdade de Julgar. Tradução de Fernando Costa Mattos. Petrópolis/Bragança Paulista: Editora Vozes/Editora Universitária São Francisco, 2016.

KANT, I. Crítica da Razão Pura. Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2010.

KANT, I. Kritik der reinen Vernunft. 2 volumes. 9ª edição. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 2017.

KANT, I. Kritik der Urteilskraft. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 2017.

KOLMAN, V. Emotions And Understanding In Music: A transcendental and empirical approach. 2014. Idealistic Studies, Volume 44, Issue 1, p. 17–34, 2014. Doi: 10.5840/idstudies20152317

LI, Z. The Chinese Aesthetic Tradition. Tradução de Maija Bell Samei. Honolulu: University of Hawai‘i Press, 2010.

LLOYD, G. Pythagoras. In: C. Huffman (Org.), A History of Pythagoreanism Cambridge: Cambridge University Press, 2014, p. 24–45. Doi:10.1017/CBO9781139028172.002

LUFT, E. Ontologia deflacionária e ética objetiva: Em busca dos pressupostos ontológicos da teoria do reconhecimento. Veritas (Porto Alegre), 55(1), 2010. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2010.1.7324

PATEL, A. D. Music, Language, and the Brain. Oxford: Oxford University Press, 2008.

PAPODOPOLUS, A. Mathematics and music theory: From Pythagoras to Rameau. In: Mathematical Intelligencer, v. 24, n. 1, 2002, p. 65–73

PLATÃO. A República. Tradução de Carlos Alberto Nunes. 3ª edição. Belém: EDUFPA, 2000.

RAMEAU, J. P.. Traité de l’Harmonie: réduite à ses principes naturels. Paris: J. B. C. Ballard, 1722.

RAMEAU, J. P.. Treatise on Harmony. Translated by Philip Gossett. New York: Dover Publications, 1971.

RASH, R. Tuning and Temperament. In: CHRISTENSEN, Thomas (Org.). The Cambridge History of Western Music Theory. The Cambridge History of Music. Cambridge: Cambridge University Press, 2002, p. 193–222. Doi: 10.1017/CHOL9780521623711.009

ROLLMANN, V. J. Das Kunstchöne in Hegels Ästhetik am Beispiel der Musik. Marburg: Tectum Verlag, 2005.

ROUSSEAU, J. J. Ensaio Sobre a Origem das Línguas. Tradução de Lourdes Santos Machado. In: Os Pensadores, 6: Jean-Jacques Rousseau. São Paulo: Nova Cultural, 1991, p. 147–199.

SCHOENBERG, A. Harmonielehre. 3ª ed. Wien: Universal-Edition, 1922.

SCHOENBERG, A. Harmonia. Tradução de Marden Maluf. São Paulo: Editora UNESP, 2001.

STEINKRÜGER, A. Die Ästhetik der Musik bei Schelling und Hegel. Ein Beitrag zur Musikästhetik der Romantik. 1927. Tese de Doutorado – Curso de Filosofia, Universidade de Bonn, Bonn, 1927.
Publicado
2023-12-13
Seção
Filosofia e arte