Cotidiano, alienação e estética clown em Dias perfeitos, de Wim Wenders
Resumo
A discussão fundamenta-se na análise do filme Dias perfeitos, dirigido por Wim Wenders (2023). Parte-se de resenhas e críticas sobre a obra que ou celebram nela a abertura à poética do cotidiano e da rotina ou a denunciam como escapismo, falsidade e fantasia elitista. Discute-se os limites do encantamento individual em uma cotidianidade alienada no âmbito da sociedade administrada, com o trabalho como vértice da organização da existência, incluindo do tempo livre. Defende-se a proposição de que a recepção do filme, dividida entre celebração e recusa, reflete, de modo cindido, a oscilação entre resistência e adaptação característica de um traço estético que estaria no cerne dessa obra, a saber, a “estética clown” (SILVA, 2017). Para isso, são evidenciados elementos dessa estética em Dias perfeitos. A reflexão ampara-se em contribuições teóricas de T. W. Adorno, M. Horkheimer, H. Marcuse, W. Benjamin, e outros referenciais críticos, como A. Heller e G. Lukács.
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Referências
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