Inteligência Artificial Generativa e o mundo da arte: novos modos de presença ou meros sistemas algorítmicos?

Palavras-chave: Inteligência Artificial Generativa; Modos de Presença; Agência Algorítmica Mediação Estética; Criação Artística

Resumo

O uso da inteligência artificial generativa (IA) na criação de objetos estéticos não apenas altera, mas transforma radicalmente os fundamentos do processo criativo, desafiando concepções consolidadas sobre arte e autoria. A emergência dessa tecnologia levanta uma série de questões cruciais que atravessam o campo da estética e da filosofia da arte: os produtos gerados por IA podem ser reconhecidos como obras de arte em sentido pleno, ou seriam meras simulações algorítmicas da criatividade humana? Em que medida a agência humana ainda desempenha um papel essencial na definição do estatuto artístico desses objetos, e qual a extensão da autonomia da máquina nesse processo? Essas interrogações tensionam a relação entre autoria e criatividade, reconfigurando os conceitos de originalidade e intencionalidade artística e nos obrigando a reconsiderar os limites entre produção estética e programação computacional. Para abordar essa complexidade, recorremos à análise dos modos de presença, propostos por Rodrigo Duarte, com ênfase nos modos de apresentação e representação, bem como na transição entre eles. A partir dessa estrutura teórica, investigamos como os produtos da IA transitam entre diferentes formas de mediação e imediaticidade na experiência estética, evidenciando a interação entre agência humana e agência algorítmica no processo de criação artística. Dessa forma, a inteligência artificial generativa desafia paradigmas históricos e nos impele a revisar criticamente as noções tradicionais que sustentam o entendimento do que é arte, exigindo uma nova abordagem que contemple as dinâmicas de mediação estética contemporâneas.

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Biografia do Autor

Anna Luiza Coli, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutora em filosofia pelas universidades Bergische Universität Wuppertal e Charles University Prague (2021). Bacharel em Filosofia, tem mestrado em Estética e Filosofia da Arte pela UFMG, e um segundo mestrado pelo programa europeu Erasmus Mundus Europhilosophie' na área de fenomenologia alemã e francesa.Tem pós-doutorado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde é co-fundadora do Núcleo de Pesquisa em Fenomenologia. É fundadora do grupo REDD – Rede de estudos sobre democracia e desinformação (UFMG/IEAT), pelo qual atua como pós-doutoranda do PPG Filosofia da UFMG. Tem bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PDJ/CNPq).

Thobila Gabriela de Lima Costa Sousa, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Bacharel em Filosofia (UFMG) e em Administração (UFMG), especialista em Gestão cultural: cultura, desenvolvimento e mercado (Senac), e mestre em Filosofia (UFMG). Atualmente é doutoranda em Estética e Filosofia da Arte (UFMG) e pesquisa a questão dos objetos estéticos gerados por inteligência artificial (IA) sob a orientação do prof. Rodrigo Duarte. Integra o grupo de pesquisa “Modos de presença nos fenômenos estéticos contemporâneos” (UFMG) também sob a coordenação do Prof. Rodrigo Duarte. Atua como coordenadora de Políticas Culturais na Pró-reitoria de Cultura da UFMG e integra a comissão do Mapeamento Cultural da UFMG.

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Publicado
2025-06-26
Seção
Modos de presença nos fenômenos estéticos