Inteligência Artificial Generativa e o mundo da arte: novos modos de presença ou meros sistemas algorítmicos?
Resumo
O uso da inteligência artificial generativa (IA) na criação de objetos estéticos não apenas altera, mas transforma radicalmente os fundamentos do processo criativo, desafiando concepções consolidadas sobre arte e autoria. A emergência dessa tecnologia levanta uma série de questões cruciais que atravessam o campo da estética e da filosofia da arte: os produtos gerados por IA podem ser reconhecidos como obras de arte em sentido pleno, ou seriam meras simulações algorítmicas da criatividade humana? Em que medida a agência humana ainda desempenha um papel essencial na definição do estatuto artístico desses objetos, e qual a extensão da autonomia da máquina nesse processo? Essas interrogações tensionam a relação entre autoria e criatividade, reconfigurando os conceitos de originalidade e intencionalidade artística e nos obrigando a reconsiderar os limites entre produção estética e programação computacional. Para abordar essa complexidade, recorremos à análise dos modos de presença, propostos por Rodrigo Duarte, com ênfase nos modos de apresentação e representação, bem como na transição entre eles. A partir dessa estrutura teórica, investigamos como os produtos da IA transitam entre diferentes formas de mediação e imediaticidade na experiência estética, evidenciando a interação entre agência humana e agência algorítmica no processo de criação artística. Dessa forma, a inteligência artificial generativa desafia paradigmas históricos e nos impele a revisar criticamente as noções tradicionais que sustentam o entendimento do que é arte, exigindo uma nova abordagem que contemple as dinâmicas de mediação estética contemporâneas.
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