Cabaré da Rrrrraça, Bando de Teatro Olodum

uma poética do encruzilhamento (Exu)

Palavras-chave: Cabaré da Rrrrraça, processo criativo, encruzilhamento (Exu), riso decolonial

Resumo

O presente texto, parte de um estudo maior, apresenta reflexões sobre o processo criativo do espetáculo Cabaré da Rrrrraça (1997), do Bando de Teatro Olodum — SSA e a construção do mecanismo do riso (humor, ironia, cômico) como mecanismo de enfrentamento ao racismo. Tem como abordagem crítico-metodológica a crítica de processo de criação (Salles) e como alicerce: depoimentos de participantes (1997), o pensamento Decolonial (Quijano), Teoria da afrocentricidade (Asante), Teatro negro (Bakary Traoré) e Cosmovisão africana (Eduardo Oliveira). As reflexões desencadeadas culminam com a asserção: o riso/antirracista é construído via encruzilhamento (Exu) reificado nos corpos dos atuantes — corpo-riso-corporeidade-negra. É a partir do riso operador e disseminador do racismo que também se transgride esse regime, por meio de ações negrorreferenciadas. Pois, ao se materializar na corporeidade dos atuantes, enquanto espaço-tempo de encruzilhamento, o riso racista e o riso antirracista coexistem viabilizando o embate, a intervenção, a insurgência e sua ressignificação, o que este estudo tem denominado de riso decolonial.

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Biografia do Autor

Gildete Paulo Rocha, UNEB

Professora efetiva da UNEB- Universidade do Estado da Bahia/DCHT/Campus XVIII, Eunápolis/BA- Brasil. Pesquisadora do CNPq junto ao grupo de pesquisa CONEXÕES: Produção de Conhecimento e Ensino, da UNEB; Membra/sócia da ABPN/ Associação brasileira de pesquisadores Negros (área Literatura, Linguagem e Artes) e Membra da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas (GT O Afro nas Artes Cênicas) - ABRACE.

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Publicado
2025-10-06
Como Citar
PAULO ROCHA, G. Cabaré da Rrrrraça, Bando de Teatro Olodum: uma poética do encruzilhamento (Exu). Ephemera: Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto, v. 8, n. 16, 6 out. 2025.