Escuta profunda

uma técnica de sentidos para habitar a escuridão

Palavras-chave: escuta profunda, dança, afrodiáspora, escuridão, imaginação

Resumo

A Escuta Profunda pode ser compreendida como um campo de encontros entre diferenças que, ao se entrelaçarem, constroem formas de relação baseadas na atenção, na sensibilidade e na escuta como práticas éticas. Essa abordagem convida à disponibilidade para ser transformado pelo espaço, pelo contexto - que é também cultura - e por toda a paisagem sensorial que atravessa o corpo. Nesse sentido, a escuta torna-se um gesto encarnado de reflexão sobre nossos modos de existência, abrindo caminhos para uma crítica ativa às formas hegemônicas de percepção, ancoradas na centralidade do olhar, nas certezas e na racionalidade cartesiana. Este artigo apresenta a Escuta Profunda em sua potê ncia como prática educativa para o corpo que dança, enquanto também articula conceitos e saberes afrodiaspóricos que nos ajudam a compreender a imaginação como uma força de transformação. Desenvolvida originalmente em seu conteúdo sensorial pela musicista Pauline Oliveros e posteriormente aprofundada e recriada para o corpo que dança nos processos da Anikaya Dance Theater, a Escuta Profunda se expande aqui como ferramenta de criação e resistê ncia, sustentando premissas para a interdependência e a escuta radical.

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Biografia do Autor

Luciane da Silva, Unicamp

Pós-graduação em Artes da Cena, Instituto de Artes (IA), Unicamp, Campinas, São Paulo, Brasil.

Referências

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Publicado
2025-08-22
Como Citar
SILVA, L. DA. Escuta profunda: uma técnica de sentidos para habitar a escuridão. Ephemera: Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto, v. 8, n. 16, 22 ago. 2025.