Da verdade da aparência à do enigma:
Para uma reavaliação contemporânea da estética de Adorno
Resumo
Várias contradições pesam sobre a recepção da obra de Adorno; entre estas, o facto de tal recepção ter sido mediada por uma Escola de Frankfurt cada menos afim ao espírito da filosofia adorniana não será a menos importante. O campo da estética não constituiu excepção neste capítulo, uma vez que foram os trabalhos de autores como Bubner, Bohrer, Bürger, Wellmer e Menke que deram o tom a um debate ainda hoje em curso, à escala internacional. É-lhes comum – apesar de significativas diferenças – a ideia de que a dialéctica entre os conceitos de verdade e aparência constitui o centro nevrálgico da estética de Adorno. Neste artigo, defendo que uma tal centralidade pode e deve ser problematizada, pois não permite fazer inteiramente justiça nem à singularidade nem à actualidade da obra adorniana. Com efeito, resultará da crítica imanente de textos daqueles comentadores, bem como dos de Adorno, a hipótese de que a afinidade entre verdade e enigma – fazendo ressaltar a correlação entre a resistência à compreensão e o potencial de verdade de certas obras de arte – poderá fornecer uma pedra de toque conceptual mais adequada para reavaliar a pertinência da estética de Adorno no contexto dos debates estéticos contemporâneos.
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Referências
ADORNO, T. W. Ästhetische Theorie. In Gesammelte Schriften, Vol. 7. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 2003.
BOHRER, K.H. Plötzlichkeit. Zum Augenblick des ästhetischen Scheins. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1981.
BUBNER, R. Über einige Bedingungen gegenwärtiger Ästhetik [1973]. Ästhetische Erfahrung. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1989.
BÜRGER, P. Theorie der Avantgarde. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1974.
ZIMA, P.V. La négation esthétique. Le sujet, le beau et le sublime de Mallarmé et Valéry à Adorno et Lyotard. Paris: L’Harmattan, 2002.
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