A Palavra em Artaud ou a Carne que se faz Verbo

Resumo

O objetivo deste artigo é discutir o lugar ou os lugares da palavra na obra de Antonin Artaud, tanto no teatro onde propõe novas maneiras de usá-la, desde a sonoridade até os espaços do silêncio, quanto na literatura que, de alguma forma quebra as fronteiras entre os gêneros conto, romance, poesia, cartas e outros, dando ênfase à poiesis, à criação como a verdadeira pulsão do espírito. Nesse sentido, trata-se de uma abordagem de Artaud, no que diz respeito à palavra, tendo por base o poema Ci-Gît (Aqui Jaz), que se insurge a partir de três formas de linguagem, a saber: o francês normativo, a gíria e as emissões glossolálicas.

Biografia do Autor

Wilson Coelho
Doutor em Literatura Comparada pela UFF, além de poeta, tradutor, palestrante, encenador, dramaturgo e escritor com 20 livros publicados, bem como licenciado e bacharel em Filosofia, Mestre em Estudos Literários pela UFES e Auditor Real do Collège de Pataphysique de Paris. Como professor universitário lecionou disciplinas de filosofia, ética, ciência política, artes e lógica. Assina a direção de 24 espetáculos montados pelo Grupo Tarahumaras de Teatro, com participação em festivais e seminários de teatro no país e no exterior, como Espanha, Chile, Argentina, França e Cuba, ministrando também palestras e oficinas.

Referências

ARTAUD, Antonin. Le théâtre et son double. Paris: Gallimard, 1964.

ARTAUD, Antonin. A Arte e a Morte. Trad. Aníbal Fernandes. Lisboa: Hiena, 1985.

ARTAUD, Antonin. Artaud le Momo, Aqui Yace, precedido de La Cultura Índia. Trad. Ramón Font. Madrid: Fundamentos, 1979.

ARTAUD, Antonin. Carta desde Rodez 1. Trad. Ramón Font. 2ª ed. Madrid: Fundamentos, 1981.

ARTAUD, Antonin. Carta desde Rodez 2. Trad. Ramón Font. Madrid: Fundamentos, 1976.

ARTAUD, Antonin. Ci-Gît précédé de la culture indienne. In: Oeuvres Complètes, vol. XII. Paris: Gallimard, 1974, pp. 70-100.

ARTAUD, Antonin. Eu, Antonin Artaud. Lisboa: Hiena Editora, 1998.

ARTAUD, Antonin. Héliogabale ou l’Anarchiste couronné. Paris: Gallimard, 1979.

ARTAUD, Antonin. Linguagem e Vida. Org. J. Guinsburg, Sílvia Fernandes Telesi e Antônio Mercado Neto. São Paulo: Perspectiva, 2004.

ARTAUD, Antonin. Mensajes Revolucionários. Trad. Ramón Font. 2ª ed. Madrid: Fundamentos, 1976.

ARTAUD, Antonin. O Pesa-Nervos. Trad. Joaquim Afonso. Lisboa: Relógio d’Água, 1991.

ARTAUD, Antonin. Oeuvres sur papier. Catalogue. Besançon: Néotypo, 1975.

ARTAUD, Antonin. Os Tarahumaras. Trad. Aníbal Fernandes. Lisboa: Relógio d’Água, 1985.

ARTAUD, Antonin. Pour en finir avec le jugement de dieu. In: Oeuvres Complètes, vol. XIII. Paris: Gallimard, 1974, pp. 65-104.

ARTAUD, Antonin. Van Gogh, le sucidé de la societé. In: Oeuvres Complètes, vol. XIII. Paris: Gallimard, 1974, pp. 9-64.

BAIER, Lothar. Lire Artaud – Note sur une lecture obtuse. In: Europe – revue littéraire mensuelle, nov-dez 1984, Paris, pp. 54-61.

BRETON, André. Manifestos do Surrealismo. Trad. Pedro Tamen. 4ª ed. Lisboa: Moraes, 1985.

CHAUDANNE, Gilbert. Antonin Artaud ou a demanda do osso flamejante. Vitória: Folha de Cena, informativo do Grupo Tarahumaras, ano 1, n. 0, 1989.

COELHO, Teixeira. Destruir a arte para tocar na vida, arte. In: ARTAUD, Antonin. São Paulo: Brasiliense, 1982, pp. 14-35. Col. Encanto Radical.

COÊLHO, Wilson. Antonin Artaud - Atos de Crueldade. In: VIII Concurso Capixaba de Dramaturgia, classificado em 1º lugar, Prêmio “Cláudio Bueno Rocha”, DEC, Vitória, 1987.

COÊLHO, Wilson. Antonin Artaud: Tratamento Cruel ou Cirurgia Ontológica? In: Revista Internacional de Filosofia Iberoamericana y Teoría Social, nº 18, Maracaibo-Venezuela, 2002, pp. 69-79.

DELEUZE, Gilles. Le schizophrène e le mot. Critique, ago-set, Paris, 1968, pp. 255-256.

DERRIDA, Jacques e BERGSTEIN, Lena. Enlouquecer o Subjétil. São Paulo: Unesp, 1998.

DUPLESSIS, Yves. O Surrealismo. Col. Saber Atual. Trad. Pierre Santos. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1963.

DUROZOI, Gérard. Artaud: La Enajenación y la Locura. Trad. José Delor. Madrid: Punto Omega/Guadarrama, 1975.

ESSLIN, Martin. Os Limites da Linguagem. In: ARTAUD, Antonin. Trad. James Amado. São Paulo: Cultrix, 1976, pp. 62-71.

FELÍCIO, Vera Lúcia. A procura da lucidez em Artaud. São Paulo: Perspectiva, 1996.

FLORENTINO, Cristiano. A língua de fogo de Antonin Artaud. Extraído da tese de doutoramento “As erupções da voz: a voz da escritura de Antonin Artaud”. Belo Horizonte: Suplemento da Imprensa Oficial, 2005.

GALENO, Alex. Antonin Artaud: a revolta de um anjo terrível. Porto Alegre: Sulina, 2005.

GOUHIER, Henri. Artaud et Nietzsche. In: Antonin Artaud et l’Essence de u Théâtre. Col. Essais d’Art et de Philosophie. Paris: Librairie Philosophique J. Vrin, 1974, pp. 179-189.

HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Biblioteca de Filosofia Contemporânea. Lisboa: Edições 70, 2004.

HÖLDERLIN, W. Hipérion. Petrópolis: Vozes, 1998.

KIFFER, Ana. Antonin Artaud: uma poética do pensamento. A Coruña, España, Biblioteca Arquivo Teatral Francisco Pillado Mayor, 2003, 261p.

KLEIST, Heinrich von. A mendiga de Locarno. In: LANGENBUCHER, Wolfgang (Sel.). Antologia humanística alemã. Trad. Ari Lazzari e outros. Porto Alegre: Ed. Globo, 1972, p. 124-126.

KLEIST, Heinrich von. O duelo. Rio de Janeiro: Ficções, 2002.

KLEIST, Heinrich von. Teatro de marionetes. Trad. Paulo Mendes Campos. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde/Serviço de Documentação, 1952. (Cadernos de Cultura, 9).

NAVARRI, Roger. De la Critique à la Contamination. In: Europe – revue littéraire mensuelle, nov-dez 1984, Paris, p. 124-131.

NIETZSCHE, F. Assim falava Zaratustra. Rio de Janeiro: Hemus, 1986.

NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

NIN, Anaïs. O Dario de Anaïs Nin, vol. 1. Trad. Maria Dulce Esteves Reis. Lisboa: Livraria Bertrand, 1985.

QUEIROZ, André Luis dos Santos. O teatro artaudiano ou a metafísica da carne. In: Cadernos do Dpto. de Filosofia da PUC-Rio, O que nos faz pensar, nº 5, 1991, p. 114-129.

QUILICI, Cassiano Sydow. Antonin Artaud – teatro e ritual. São Paulo: Annablume, 2004.

REY, Jean-Michel. O nascimento da poesia – Antonin Artaud. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

SANTIAGO, Silviano. Viagem ao México. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.

SANTIAGO, Silviano. Invento-me monstro. In: Arte Latina. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000, pp. 127-138.

SONTAG, Susan. Abordando Artaud. In: Sob o Signo de Saturno. Trad. Ana Maria Capovilla e Albino Jr. Porto Alegre: L&PM, 1986, pp. 15-57.

VIRMAUX, Alain et Odette. Le Salut par l’écriture. In: Antonin Artaud: Qui êtes-vous? Lyon: La Manufacture, 1986, pp. 67- 74.

VIRMAUX, Alain. Dos Intercessores aos Aparentados. In: Artaud e o Teatro. Trad. Carlos Eugênio Marcondes de Moura. 2ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1990, pp. 113-174. Col. Estudos.

WEISZ, Gabriel. Palacio chamánico – filosofía corporal de Artaud y distintas culturas chamánicas. México: Universidad Nacional Autónoma de México, 1994.

WHITE, Kenneth. Le Monde d’Antonin Artaud ou Pour une Culture Cosmopoetique. Bruxelles: Editions Complète, 1989. Col. Le Regard Litérail.

Publicado
2020-05-01
Como Citar
COELHO, W. A Palavra em Artaud ou a Carne que se faz Verbo. Ephemera - Revista do Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto, v. 3, n. 4, p. 27-47, 1 maio 2020.