"A mulher e o ralo”

corpo, morte, loucura, vomição, excreções e delírios

Palavras-chave: videoperformance, crítica, mulher, loucura, morte

Resumo

O artigo analisa o média-metragem “A Mulher e o Ralo”, produzido durante a pandemia de Covid-19, abordando temas como morte, loucura e a degradação dos afetos. A obra reflete o impacto emocional do período pandêmico, utilizando uma estética visceral para retratar a destruição dos corpos e a fragmentação das subjetividades. Explorando o colapso entre vida e arte, o filme mescla vídeo e foto-performance, criando uma narrativa coreográfica e poética sobre a psiquê feminina e sua relação com o corpo em crise. A metodologia de análise fundamenta-se nas teorias da performance de Stella Fisher e Eleonora Fabião, no conceito de fantasmagoria de André Lepecki, na estética da crueldade de Antonin Artaud e na compreensão histórico-cultural da loucura de Michel Foucault. O artigo examina como essas referências teóricas ajudam a entender o processo de desconstrução e reconstrução de corpos e afetos ao longo das quatro cenas do filme. Cada cena, com sua estética independente, reflete uma invenção poética e visual única, ligada à narrativa maior de fragmentação, excreção e loucura. A análise também foca na experimentação artística que emergiu da necessidade de adaptar as práticas cênicas ao audiovisual, rompendo fronteiras entre presença física e virtual.

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Biografia do Autor

Heleniara Amorim Moura, IFMG Campus Ouro Branco/UFSJ-PPGAC

Doutora em Estudos Literários pela UFMG (2015). Mestre em Letras pela UFSJ (2007). Graduada em Letras pela UFSJ (2003). Professora de Literatura nos cursos integrados no Instituto Federal de Minas Gerais (Campus Ouro Branco). Atua como professora no Programa de Mestrado em Artes Cênicas (PPGAC/UFSJ) na linha de pesquisa "Cultura, Política e Memória". Desde 2001 é pesquisadora no estudo dos acervos teatrais e biografias. O estudo da produção literária e teatral contemporânea de autoria feminina tem sido tema de sua pesquisa. Em 2023, passou a integrar o GPAC (Grupo de Pesquisas em Artes Cênicas) da UFSJ.

Marina Freire Brandt, UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto

Bacharel em Psicologia pela UFMG (2009) e Artes Cênicas ênfase em interpretação pela UFOP (2024). Mestranda em Artes Cênicas na linha de pesquisa Processos e Poéticas da Cena Contemporânea pelo PPGAC UFOP. Pesquisa principal na temática do corpo em cena, dramaturgia a partir de imagens e a dança Butô. Integra o coletivo Anticorpos - Investigações em Dança desde 2019, criando obras artísticas na interface entre corpo, dança, performatividade e linguagem audiovisual.

Referências

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Publicado
2025-02-10
Como Citar
AMORIM MOURA, H.; BRANDT, M. F. "A mulher e o ralo”: corpo, morte, loucura, vomição, excreções e delírios. Ephemera: Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto, v. 8, n. 14, 10 fev. 2025.