As práxis desenvolvidas por coletivos latino-americanos:
o teatro de grupo como tática estético-política de resistência
Resumo
Enfocam-se, na presente reflexão, as práxis características do teatro de grupo, considerando algumas obras, processos de criação e formas de organização de alguns coletivos como táticas estético-políticas de enfrentamento às chamadas culturas ditatoriais. Ao buscar identificar as raízes desse tipo de organização e produção teatral, são encontradas ramificações diversas, envolvendo territorialidades e elementos comuns, como a necessidade de desenvolver práticas teatrais que promovam diálogos, debates, reflexões e transformações sociais. Objetivando romper com as opções empresariais e mercadológicas da arte, coletivos se formaram com propostas de relação horizontalizadas, em torno de experimentações de procedimentos de criação, de formas teatrais e de como compartilhar as produções e de aferir a recepção do público. Um dos elementos fundantes nesse processo trata-se do desenvolvimento das formas épicas relacionadas ao arcabouço do teatro épico dialético. Essa epistemologia abarca os sujeitos históricos, as contradições sociais, bem como as subjetividades atravessadas pelas encruzilhadas geográficas, históricas, culturais, sociais e subjetivas que definem os territórios. A partir da concepção do espetáculo como experimento estético-histórico-social, em contextos considerados ditatoriais, pretende-se explicitar modos pelos quais alguns grupos teatrais latino-americanos enfrentam tempos de opressão. Para tanto, reafirmam-se as chamadas formas de produção coletivo-colaborativas como alternativas ao modo de produção capitalista hegemônico. O estudo contempla algumas raízes do teatro de grupo; o conceito de dramaturgias no plural, as formas de organização coletivo-colaborativas do trabalho teatral e do teatro épico como enfrentamento aos contextos ditatoriais no trabalho dos grupos Teatro El Galpón, de Montevidéu, Uruguai, e Coletivo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes de São Paulo, Brasil.
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