Pés na ancestralidade, olhos no futuro
a relação entre o tempo espiralar e o linear para a protagonista de “Orgulho”, de Ibi Zoboi
Resumo
Este artigo pretende relacionar a ideia do tempo espiralar, conforme estabelecido por Leda Maria Martins (2021), com a obra “Orgulho”, de Ibi Zoboi, publicada no Brasil em 2019. A obra literária é uma releitura de “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen, e reconta a história a partir do ponto de vista de Zuri Benítez, uma jovem negra nova-iorquina de origem caribenha. Serão analisadas duas performances do livro, uma cerimônia da Santería e o funeral da personagem que atua como mentora da protagonista. O artigo examina também sua relação com o tempo linear e como essas duas ideias diferentes de tempo influenciam na trajetória de vida e nas escolhas de Zuri. A ideia de decolonialidade, baseada em Nelson Maldonado-Torres (2018), é brevemente discutida a partir da apresentação das performances trazidas no livro e pensa-se, ainda, na importância de se trazer esse tema em um livro voltado para o público adolescente. Por fim, conclui-se que os rituais, além de outras práticas culturais, mantêm a protagonista ligada à sua ancestralidade enquanto trabalha para se inserir no mundo capitalista.
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Referências
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